A sua memória já não é o que era? A solução pode ser um medicamento para o VIH

World Bank Photo Collection / Flickr

O maraviroc age na proteína CCR5, que está associada à perda de memória. Um estudo em ratos mostrou que o medicamento é eficaz e já estão a ser preparados testes em humanos.

Um medicamento comum tomado pelos pacientes com VIH pode ser a solução para a perda de memória que vamos sofrendo com o passar da idade. Um novo estudo publicado na Nature relata que os cientistas notaram melhorias nas ligações entre memórias nos ratos mais velhos.

O maraviroc (nome do medicamento) age na proteína das células conhecida como CCR5, que fica na superfície dos leucócitos. Quando o vírus do VIH se liga a um destes recetores, pode entrar na célula e replicar-se. Mas se o maraviroc chegar lá primeiro, bloqueia essa entrada.

Um estudo de 2019 já tinha descoberto que este medicamento ajuda os neurónios dos ratos a religarem-se após um AVC. A nova pesquisa debruçou-se sobre o seu efeito na memória, já que, com o passar dos anos, a expressão da CCR5 nos neurónios no hipocampo dos ratos também aumenta, escreve o Science Alert.

Neste caso, as memórias eram à base do medo. Os ratos foram retirados das suas gaiolas e expostos a um novo contexto (A). Mais tarde, foram levados para um outro contexto (B). Dois dias depois, sofreram um choque no contexto B.

Dois dias mais tarde, os animais voltaram ao contexto A para os cientistas perceberem se estavam preparados para o choque. Uma distinção importante é que alguns ratos foram levados de A a B em apenas cinco horas e outros tiveram de esperar um, dois ou sete dias.

Entre os ratos regulares, os autores notaram grandes taxas de sinais de medo no contexto A. Mas entre os ratos com expressões elevadas de CCR5, isso já não foi tão notório, o que indica que se podem ter esquecido do choque que se seguiu no contexto B.

Esta janela temporal criada pela CCR5 existe provavelmente para que nem todas as memórias no cérebro se liguem. Algumas devem ser separadas para se manter a eficiência e para que informações irrelevantes sejam esquecidas.

Com o avançar da idade, a presença de CCR5 aumenta e chega a um pouco em que contextos que são ligados de perto já não são lembrados dessa forma. Entre os ratos mais velhos, este problema foi revertido com o maraviroc.

Os autores já estão a organizar ensaios clínicos com o objetivo de perceberem se este tratamento também é eficaz na perda de memória nos humanos.

ZAP //

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