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Evolução de parasita está a tornar mais difícil detetar e tratar a malária

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Uma mutação do parasita que causa a malária está a “camuflar” as proteínas que são identificadas nos testes rápidos, tornando mais difícil detetar e tratar a doença.

De forma semelhante aos testes à covid-19, baratos e rápidos, a que estamos habituados, os testes à malária têm ajudado a manter a doença relativamente sob controlo no continente africano. Mais de uma década depois da introdução destes testes, parasitas da malária estão a aprender a “esconder-se” deles.

Em muitos países africanos, apenas as pessoas cujos resultados do teste rápido são positivos é que são tratadas.

“Esta é uma grande ameaça ao controlo da malária”, disse Jane Cunningham, do Programa Global de Malária da Organização Mundial de Saúde, em Genebra, citada pela New Scientist.

Em 2016, na Eritreia, muitas crianças que pareciam estar realmente doentes com malária apresentaram teste negativo. Análises ao sangue realizadas consequentemente revelaram que, de facto, estas crianças estavam infetadas com malária.

“Eles pensaram que havia algo errado com o teste”, disse Cunningham. Mas não. A sua equipa descobriu que até 80% dos parasitas da malária na zona têm mutações em que não produzem as duas proteínas — pfhrp2 e pfhrp3 — detetadas pelos testes rápidos.

Os parasitas parecem prosperar sem as proteínas pfhrp, cuja função é desconhecida. Seria este um problema local, sentido apenas na Eritreia? Para averiguar esta possibilidade, os investigadores fizeram os mesmos testes na vizinha Etiópia.

“Não encontramos uma prevalência tão alta como na Eritreia, mas encontramos níveis verdadeiramente preocupantes”, disse Jane Cunningham.

Como solução, as zonas com este parasita mutante da malária estão a usar outro teste, que identifica uma proteína diferente. No entanto, estes testes não são tão confiáveis — sendo, por exemplo, menos resistentes ao calor.

O ideal seria que o teste olhasse para vários marcadores biomoleculares, mas isto tornaria os testes mais caros e complexos, realça Cunningham.

Daniel Costa, ZAP //

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