Sindicatos ameaçam com novos protestos caso o próximo Governo não resolva o problema da falta de professores.
Com o fim do primeiro período, há ainda mais de 50 mil alunos com horários por preencher devido à falta de professores. O problema foi ainda exarcerbado com a saída de 389 docentes que se reformaram, o número mais alto da última década.
“Entre os dias 4 e 12 de dezembro estiveram a concurso 7562 horas, o que resultou em 50 413 alunos sem professor”, explica Davide Martins, professor e colaborador do blogue ArLindo.
A situação está a gerar preocupação entre os diretores escolares e a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP). Filinto Lima, presidente da ANDAEP, fala numa situação “dramática” e enfatiza que a falta de docentes teve um impacto dramático, prejudicando o Plano de Recuperação de Aprendizagens em vigor.
As escolas enfrentaram desafios sem os recursos adicionais de anos anteriores, como a falta de crédito horário para contratar professores. “Cada escola, ao ser retirado o crédito horário, teve de reajustar o plano de recuperação. Todos nós queremos continuar a fazer omeletes, mas estamos sem recursos. Em algumas escolas, é impossível recuperar aprendizagens”, afirma, citado pelo Diário de Notícias.
Além da crise docente, Filinto Lima apontou para a degradação das infraestruturas escolares, tornada mais evidente pelas chuvas intensas. Apesar das promessas de requalificação em mais de 400 escolas, a execução estendida por 10 anos foi criticada por ser excessivamente longa.
Paulo Guinote, professor de História, aponta ainda outros problemas nas escolas que “estão a funcionar com condições que se vão degradando todos os dias, com problemas de ligação à internet e sem se saber se haverá ou não renovação do parque informático”.
A situação foi agravada pela falta de assistentes operacionais e apoio adequado para alunos com necessidades educativas especiais e estudantes estrangeiros, conforme apontado por André Pestana, coordenador do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P).
Pestana também alertou para a possibilidade de novas ações de protesto se os problemas da escola pública não forem adequadamente abordados pelo próximo governo.