Afinal, o maior tubarão do mundo não é carnívoro

Com 10 metros de comprimento e 20 toneladas de peso, tudo parecia indicar que o maior tubarão do mundo seria um predador feroz. Mas um novo estudo mostrou que os tubarões-baleia não são totalmente carnívoros. Na verdade, extraem nutrientes de algas que engolem ao caçar pequenas presas.

“Isso leva-nos a repensar sobre tudo o que acreditávamos saber acerca da alimentação dos tubarões-baleia”, indicou Mark Meekan, biólogo do Instituto Australiano de Ciências Marinhas, um dos autores do estudo publicado recentemente na Ecology, citado pelo Science Alert.

Esta descoberta torna os tubarões-baleia no maior omnívoro do mundo. Os omnívoros desempenham uma parte importante da cadeia alimentar, produzindo energia e nutrientes para outros organismos.

“Em terra, os maiores animais sempre foram herbívoros. No mar, pensávamos que os animais de grande porte, como as baleias e os tubarões-baleia, se alimentavam de espécies semelhantes a camarões e pequenos peixes”, disse Meekan. “Talvez o sistema de evolução na terra e na água não seja tão diferente”, apontou.

No estudo, a equipa coletou amostras de possíveis fontes de alimentos do recife de Ningaloo, na Austrália, incluindo pequenos plânctons e algas marinhas. Compararam então os aminoácidos e ácidos gordos desses alimentos com os encontrados nas fezes e nos tecidos dos tubarões-baleia.

Na sua análise, a equipa encontrou indícios de Sargassum – um tipo de alga que flutua na superfície. “No seu passado evolutivo, [esses animais] podem ter estado a digerir algas para digerir os animais que nelas vivem mas, agora, também podem estar a fazer uso dessas mesmas algas”, explicou o investigador.

“A ideia de que os tubarões-baleia se deslocam para Ningaloo para se deliciar com pequenos krills é apenas uma parte da história. Na verdade, estão também a comer uma boa quantidade de algas”, acrescentou.

Além disso, ao se locomover com a boca aberta, o tubarão-baleia acaba por “ingerir muitas coisas diferentes”, referiu Andy Revill, biogeoquímico da CSIRO Oceans and Atmosphere. A analisar as fezes, os investigadores encontraram vestígios de plástico.

De acordo com Meekan, alguns desses plásticos passaram para as fezes do tubarão-baleia, o que pode reduzir a sua capacidade intestinal e retardar a sua digestão. Nos últimos 75 anos, esta espécie sofreu um declínio populacional de 62%.

ZAP //

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