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O magma está a mover-se debaixo de um silencioso vulcão alemão (e pode acordá-lo)

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É fácil esquecer que muitos vulcões em todo o mundo há muito tempo que se mantêm em silêncio. Mas os países geologicamente calmos estiveram, antes, frequentemente repletos de erupções efusivas ou explosivas.

Localizado nas colinas Eifel, o vulcão do Lago Laacher, na Alemanha, é um desses exemplos. A sua caldeira – agora com um lago – é um local bastante sereno atualmente, mas nem sempre foi assim.

Há cerca de 12.900 anos, uma erupção cataclísmica, que cobriu a Europa com cinzas, foi responsável pela cratera que podemos ver hoje. Chegando a um 6 no Índice de Explosividade Vulcânica (VEI), que termina em 8, esta foi uma erupção enorme.

Hoje é a única caldeira na Europa Central, o que significa que nos últimos 12 a 13 mil anos esta parte do mundo nunca viu uma erupção tão poderosa como a que formou o alemão Lago Laacher.

Mas os seus dias de vulcanismo poderão ainda não ter terminado. Um novo estudo, publicado na revista Geophysical Journal International, revela que há tremores curiosos a acontecer debaixo do lago. Estes sismos, conhecidos como terramotos profundos de baixa frequência, são um sinal de que os fluídos magmáticos estão em movimento.

Isso é certamente digno de nota. O Campo Vulcânico de East Eifel não sofreu uma erupção durante cerca de 12 mil anos, de modo que o movimento do magma abaixo da superfície é algo que os vulcanologistas querem documentar e tentar compreender.

Estes dados significam que o vulcanismo nesta parte da Alemanha não foi extinto há milhares de anos, mas sim que ficou “adormecido a longo prazo”, como diz Martin Hensch, principal autor do estudo. O investigador também destaca que os vulcões raramente operam de acordo com a escala de tempo humana, sendo difícil determinar quando um vulcão está realmente extinto.

Não estando este vulcão extinto, pode voltar a ocorrer uma erupção num ponto indeterminável do futuro. Mas não será necessariamente uma grande e volumosa erupção como a que formou a caldeira.

Os dados, contudo, não significam que uma erupção esteja próxima. Na verdade, até pode não voltar a acontecer. O movimento do magma não indica que se está a acumular num reservatório raso de magma, ou que se aproximará da superfície. Significa apenas que o magma está em movimento, o que não tem relação com a ocorrência de uma erupção.

“Atualmente, só temos evidências de um sistema magmático obviamente ativo“, refere Hensch. “Não temos sinais de um novo despertar do sistema vulcânico superficial”.

Terramotos de baixa frequência

Desde 2013, oito sequências separadas de terremotos em quatro secções diferentes do vulcão foram detetadas pela rede sísmica recentemente atualizada na região.

Existem terremotos tectónicos de pequena magnitude na região de tempos em tempos quando escorregamentos ocorrem em falhas, mas ocorrem na crosta rasa, onde rochas se esbarram de uma maneira frágil. Por outro lado, os terremotos DLF ocorrem aleatoriamente abaixo dessa profundidade, na crosta inferior ou no manto superior.

As condições de alta temperatura significam que a rocha se move mais como uma substância elástica, ou seja, flui, até certo ponto. De vez em quando, quando o stress aumenta, isto pode fazer com que partes da rocha retrocedam, como um elástico. É isto que causa os terremotos profundos que são impercetíveis para os humanos.

Os tremores acontecem quando algo está em movimento – e não há muito lá em baixo que se possa mover como um magma parcialmente derretido. A rede sísmica identificou o movimento do magma e parece que se está a mover de uma maneira vertical – de cima para baixo. Há, porém, uma pequena probabilidade de que não seja magma a mover-se, mas sim outros fluidos geotérmicos sob muita pressão.

Curiosamente, os tremores mais superficiais estão abaixo do reservatório de magma que se acredita ter alimentado a erupção que formou a caldeira. Isso pode parecer um pouco preocupante, mas, neste ponto, não há dados suficientes para dizer exatamente o que está a acontecer, além do facto de que algo está em movimento.

Hensch explica que, embora o sistema vulcânico se possa reativar, pode demorar milhares a dezenas de milhares de anos.

ZAP // Forbes

3 Comments

  1. O chão debaixo de minha casa treme quando passa um veiculo pesado na rua e pode acordar uma erupção vulcânica. Cuidado, estejam prontos, o fim está proximo…

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