A proximidade aos clientes e a facilidade com que se deslocam a outros pontos de Lisboa levam a que cada vez mais jovens iniciem negócios no centro da cidade, onde também dizem ser possível ter boa qualidade de vida.
O “bom tempo, a boa qualidade de vida e o baixo custo, que permite arriscar mais” foram decisivos para escolher Lisboa para começar a Uniplaces, em 2011, segundo Miguel Santo Amaro, um dos fundadores da empresa.
Desde a sua criação, a Uniplaces – portal de alojamento universitário que proporciona também serviços complementares – sempre esteve localizada no centro de Lisboa, primeiro num edifício da Rua da Prata, da Startup Lisboa, e agora no Bairro Alto.
Neste bairro boémio está presente o público-alvo, os alunos estrangeiros que vêm estudar para Lisboa, sendo uma das razões para fixar ali o escritório, explicou Miguel Santo Amaro.
Do lado do negócio, é vantajoso estar nesta zona por “estar perto do aeroporto” e pelo facto de os “clientes internacionais ficarem em hotéis perto do escritório”, enumerou.
A Muzzley – empresa que desenvolveu uma plataforma de interação com dispositivos domésticos ligados à internet – também esteve no mesmo edifício da Rua da Prata, mas, após ter crescido, fixou-se num escritório na Rua Áurea.
“Se estamos a jogar no campeonato global, que é criar tecnologia para o mundo, temos desafios globais”, sendo um deles o de atrair talentos para trabalhar em Lisboa, admitiu o cofundador da empresa Domingos Bruges, acrescentando que o centro tem benefícios como a “proximidade às empresas que também estão a começar”.
Tanto a Uniplaces como a Muzzley começaram na incubadora de empresas Startup Lisboa, apoiada pelo município, que já auxiliou mais de 200 empresas desde a sua criação, em 2012, o equivalente a mais de 600 postos de trabalho.
Atualmente estão incubadas perto de 100 empresas, grande parte de natureza tecnológica.
A Startup Lisboa permite ter rendas mais acessíveis, consultoria e orientação dos negócios, facilita o contacto com investidores estrangeiros e dá um “selo de qualidade” aos projetos, contaram os empreendedores.
Para a Mobiag, entidade gestora de uma rede de ‘carsharing’, “faz todo o sentido estar na Startup Lisboa”, na Rua da Prata, por serem uma empresa de tecnologia.
Além do apoio especializado, também conseguem ter o “centro de operações” perto do eixo central da rede, composto pelo Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade e Baixa, segundo o vice-presidente da empresa, Rui Avelãs.
Vasco Moreira, da Followprice — que criou uma ferramenta para acompanhar os preços dos produtos em lojas ‘online’ — o centro de Lisboa é “muito mais dinâmico” do que parques tecnológicos como o Taguspark.
A Startup Lisboa tem outro edifício na Rua Castilho, com negócios de comércio e serviços, como a EasyOpen, que facilita a abertura de espaços comerciais.
Segundo um responsável pelo projeto, Ricardo Pires, a Startup Lisboa tornou “mais fácil o arranque do negócio”.
Acresce que estar no centro de Lisboa simplifica o contacto com os clientes de fora já que “toda a gente sabe onde é que isto fica”, apontou.
O holandês Frank de Brabander, representante da Pumpkin — portal que divulga eventos e atividades para famílias — assinalou a importância dos transportes públicos e o facto de poder “descobrir sítios novos” todos os dias.
Filipe Botto, cofundador da Yonest, que criou um iogurte grego artesanal, destacou a “boa sensação” de trabalhar na baixa, onde “ainda passam os elétricos e existem lojas e cafés típicos”.
// Lusa