Líder da oposição em França demite-se por escândalo de financiamento a Sarkozy

UMP Photos / Flickr

Jean-François Copé, presidente demissionário da UMP

O líder da oposição de direita em França, Jean-François Copé, demitiu-se esta terça-feira do cargo devido ao seu envolvimento no escândalo de alegado financiamento ilegal da campanha presidencial de Nicolas Sarkozy em 2012.

Numa reunião inicialmente marcada para avaliar o “terramoto eleitoral” de domingo, a direção da União para um Movimento Popular (UMP) acabou por se centrar nas revelações de segunda-feira sobre a ocultação de 10 milhões de euros de despesas da campanha através de faturas falsas passadas por uma empresa de comunicação em nome do partido.

De acordo com fontes citadas pela AFP, Copé, 50 anos, começou por dizer que queria manter-se na liderança até ao outono, mas acabou por ceder à pressão dos restantes membros da direção e aceitou demitir-se, com efeito a partir de 15 de junho.

Três ex-primeiros-ministros – Alain Juppé, Jean-Pierre Raffarin e François Fillon – vão assegurar a direção até à realização de um Congresso extraordinário, em outubro, anunciou Gérard Larcher, ex-presidente do Senado, à saída da reunião.

O escândalo rebentou na segunda-feira quando o advogado da Bygmalion, empresa criada por dois colaboradores de Copé, reconheceu que a empresa emitiu faturas no valor de mais de 10 milhões de euros em nome da UMP, embora o dinheiro correspondesse a despesas da campanha de Sarkozy, que acabou por perder a eleição.

Segundo o advogado, Patrick Maisonneuve, o esquema foi montado para encobrir o facto de Sarkozy ter ultrapassado consideravelmente o limite legal de gastos de campanha, gastos extra que, mesmo dissimulados através deste esquema, foram sancionados pelo Conselho Constitucional em julho de 2013.

Sarkozy não sabia?

O ex-diretor-adjunto da campanha, Jérôme Lavrilleux, reconheceu na segunda-feira a manipulação de faturas, mas isentou de responsabilidades Nicolas Sarkozy e Jean-François Copé, afirmando que “não estavam ao corrente destas derivas”.

Lavrilleux foi chefe de gabinete de Copé até domingo, dia em que foi eleito eurodeputado, funções que lhe garantem imunidade judicial.

Esta versão foi posta em causa pela líder da Frente Nacional (FN, extrema-direita), Marine Le Pen, vencedora das eleições de domingo com 25% dos votos.

Le Pen disse não acreditar que Sarkozy e Copé não soubessem da fraude e considerou que o caso põe em causa “a legitimidade do resultado” da primeira volta das presidenciais de 2012, na qual foi eliminada.

“Se estes factos forem demonstrados, Nicolas Sarkozy fica completamente desqualificado” e “é posta em questão” a legitimidade das eleições presidenciais, disse Le Pen.

A líder da extrema-direita recusou apresentar nesta altura um pedido de invalidação das eleições, mas sublinhou a importância de “todos os franceses estarem conscientes de que Sarkozy cometeu uma fraude”.

/Lusa

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