Líder da CSU quer cadeira de Merkel (e vai disputar corrida com líder da CDU)

Mueller / MSC / Wikimedia

Markus Söder, presidente do estado alemão da Baviera

Se a aliança democrata-cristã CDU/CSU vencer nas eleições legislativas de setembro, o próximo chanceler alemão será um homem: o líder da CDU Armin Laschet ou o homólogo da CSU, Markus Soeder.

O líder da CSU, Markus Soder, declarou que disputará a corrida com o líder do partido conservador CDU, Armin Laschet, para se apresentar como candidato da coligação de poder às eleições legislativas de setembro.

“Se a CDU estiver pronta para me apoiar, eu estarei pronto. Se a CDU não quiser, o trabalho conjunto continuará, sem ressentimentos”, disse o político bávaro, numa reunião à porta fechada com líderes parlamentares da coligação de poder na Alemanha, que junta a União Democrata-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU).

Laschet já tinha apresentado a sua candidatura a sucessor de Angela Merkel (CDU) no Governo, e, embora os democratas-cristãos tenham prometido resolver esta questão até final de maio, a corrida a candidato da coligação ao posto de chanceler alemão pode agora ser acelerada.

“Todos temos interesse numa decisão rápida”, tinha dito o líder do grupo parlamentar da coligação CDU/CSU, Ralph Brinkhaus, pouco antes do início da reunião estratégica que decorre em Berlim.

Ao seu lado, o vice-presidente do grupo parlamentar, Alexander Dobrindt, disse esperar que os partidos decidam esta questão “dentro de duas semanas”, alegando que o clima político na CDU não é compatível com uma prolongada indecisão.

O objetivo da coligação conservadora é acelerar o processo de escolha política, considerando que o fim de mandato de Angela Merkel, após 16 anos no poder, está a criar instabilidade e que uma longa incerteza sobre o futuro do partido pode prejudicar as aspirações a uma vitória nas eleições legislativas, marcadas para 26 de setembro.

Por outro lado, para além da gestão errática da pandemia de covid-19 e dos maus resultados em duas eleições regionais, a coligação conservadora tem sido atingida por escândalos que estão a provocar dano na imagem do Governo.

As recentes sondagens indicam que a coligação CDU/CSU apenas consegue entre 26% e 28,5% das intenções de voto, quase 10 pontos abaixo das indicações de fevereiro, permitindo a aproximação dos Verdes, que já sonham em conseguir uma vitória eleitoral.

A reunião é uma “espécie de exame de candidaturas”, na expressão usada num artigo do jornal diário Suddeutsche Zeitung, que acrescenta que o encontro servirá para os dois candidatos apresentarem a sua visão para o futuro da Alemanha.

Markus Soder, de 50 anos, que dirige a CSU, tem as sondagens a seu favor, quando comparado com Armin Laschet, de 60 anos, mas, tradicionalmente, cabe à CDU apresentar o candidato da coligação, sendo o partido social-cristão um movimento regional da Baviera.

Armin Laschet, que apenas recentemente foi eleito para a liderança da CDU, também sofreu vários contratempos, tendo sido muito criticado pela forma como se tem posicionado perante a estratégia de combate contra a pandemia.

O líder regional da Renânia defendeu uma estratégia mais moderada de luta contra o novo coronavírus, ao ponto de ter entrado em conflito com a liderança de Angela Merkel. Embora Laschet seja considerado o herdeiro natural de Angela Merkel, na verdade tem tido dificuldade em conseguir conciliar a necessidade do partido de harmonizar os sentimentos de continuidade e de renovação.

Numa entrevista ao jornal Bild, publicada este domingo, Laschet tentou revelar ser capaz desse equilíbrio, lembrando que, por um lado, esteve ao lado de Merkel em questões políticas essenciais, como a da receção aos refugiados, mas, por outro lado, defendeu a inauguração de uma “nova era”, promovendo a transição digital e o combate à burocracia.

“Um candidato CDU-CSU não terá sucesso sem o apoio de Angela Merkel”, defende Markus Soder, tentando tirar proveito de divergências internas entre os democratas-cristãos, cujo partido parece com pressa em esclarecer a escolha para as eleições legislativas.

// Lusa

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