/

“Pousem o telemóvel!”: aviso invulgar (ou nem tanto) em Paris 2024

ZAP // DALLE-2

Pessoas coladas ao seu aparelho, em vez de aproveitarem o que está a acontecer no estádio. Ou no palco, noutros contextos.

Estava a decorrer a fase final da manhã de provas de atletismo, nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, quando se ouviu um aviso peculiar nas colunas do estádio.

Foi poucos minutos depois da medalha de ouro conquistada por Miguel Monteiro, que a responsável disse ao microfone: “Pousem o telemóvel! Pousem o telemóvel! E aproveitem o momento!”, enquanto pedia a todos para dançar ao ritmo da música que se ouvia no recinto.

É um sinal dos tempos. Não acontece apenas no Stade de France, não acontece apenas no desporto.

Tivemos um exemplo bem evidente (ou milhares de exemplos bem evidentes) na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, no ano passado: o Papa Francisco a passar a dois metros das pessoas, provavelmente pela primeira vez, e só víamos telemóveis à frente. Olhavam para o telemóvel, não para o líder da Igreja Católica.

Na música, nos concertos, esse cenário é evidente. E desgastante para muitos.

Há uns anos, Jack White, Guns N’ Roses, ou Alicia Keys começaram a proibir os telemóveis durante concertos.

Adele interrompeu mesmo um concerto porque um elemento do público não largava o telemóvel. Já mais recentemente, Keith Jarrett proibiu fotografias durante os seus concertos.

“Podem parar de usar os telemóveis nos concertos?”, perguntava Paula Cosme Pinto no Expresso.

Os concertos ficam “arruinados” por causa desses “egoístas”, lê-se no The Guardian, onde se lembra que a visão de outros espectadores, mais atrás, fica tapada por causa dos aparelhos.

Também Bob Dylan proibiu os telemóveis nos concertos, quando passou por Portugal – e não só.

Para isso, tal como nos concertos de Alicia Keys ou Guns N’ Roses, é essencial o sistema da Yondr, empresa especializada que tem uma bolsa específica para o telemóvel: a pessoa fica com o aparelho na mesma mas não consegue tirar fotografias ou filmar.

E depois entra outra questão: as pessoas que filmaram aqueles excertos… alguma vez vão voltar a ver aquilo no seu telemóvel? Ou é mesmo só para partilhar nas redes sociais para dizer “Vêem? Eu estive lá!”.

Pagam um bilhete de dezenas ou centenas de euros – para verem o concerto através de um ecrã.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.