Anjos e Joana Marques em tribunal: crise de acne, triatlo, ameaças e efeitos musicais

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Wikimedia Commons / Universal Music Portugal

Foi um dia inteiro de depoimentos, com alusões a Herman e ao “inteligente” Bruno Nogueira, um fã invisual dos Anjos e um “uou, uou, uou” que acompanhava o hino nacional. Arrancou o julgamento de Joana Marques.

O cantor Nelson Rosado disse hoje em tribunal, num processo em que é pedida uma indemnização de mais de um milhão de euros à humorista Joana Marques, que recebeu ameaças de grupos nacionalistas.

Nelson Rosado, da dupla “Anjos”, foi o primeiro a prestar depoimento neste julgamento que começou hoje e que surgiu na sequência de um vídeo publicado pela humorista, que mostrava os dois irmãos a cantar o hino, em abril de 2022.

O cantor disse na sala do Juízo Central Cível de Lisboa que o grupo recebeu “ameaças de grupos nacionalistas”.

Fomos obrigados a contratar segurança privada para estar à paisana no meio do público”, explicou.

Durante a manhã desta terça feira, Nelson Rosado disse que a dupla musical dos irmãos ainda continua a receber mensagens de ódio por causa do vídeo em questão.

“O vídeo não é uma reprodução daquilo que foi feito, mas sim um vídeo novo, porque cortou partes daquilo que foi a nossa interpretação. (…) A ré cortou partes, há uma parte muito significativa da letra, que é o ‘levantai hoje de novo’, que foi cortada no vídeo da ré”, acrescentou Nelson Rosado.

“Somos acusados de assassinar o hino. Nós não nos enganámos no hino e muito menos somos assassinos”, disse o cantor, considerando ainda que o vídeo teve como objetivo ridicularizar os artistas e que teve como efeito o cancelamento de 11 concertos.

Crise de acne e triatlo contra a depressão

Citado pelo Observador, Sérgio Rosado, irmão de Nélson, ainda elogiou o passado profissional de Joana Marques, que diz ter sofrido “uma viragem muito radical” na carreira.

“Se calhar antes também fazia um tipo de música que agora é diferente. É um gosto muito pessoal. Eu sou mais da geração daqueles sketches que o Herman José fazia, mas não dizia nomes, não chamava nomes. Tal como os Gato Fedorento, ou o Bruno Nogueira”, que diz ser “extremamente inteligente”, afirmou.

Depois do vídeo humorístico de Joana Marques, Sérgio diz ter tido uma “crise de acne” devido ao stress. “Fiquei com marcas”, assegura. “Felizmente tenho a barba crescida para poder tapar as marcas”.

Para atenuar as marcas emocionais, diz Sérgio, refugiu-se no desporto. “Para não entrar uma depressão” quis “fazer uma prova de triatlo”. “Reuni a família e disse: eu preciso de fazer isto”.

E garante que ainda hoje “continuo a ir a sítios públicos e as pessoas estão a olhar para mim, a comentar“. Em relação à carreira profissional, os irmãos dizem que um projeto que tinham em parceria com uma agência de viagens ficou suspenso: “as pessoas não se querem associar a uma banda que tem uma polémica”.

Anjos discutem humor, defesa discute música

A juíza chegou mesmo a perguntar a Sérgio Rosado se gosta de comédia. “Enquanto me fizer rir é o humor perfeito”, respondeu o músico, que recorda o momento em que contou uma “anedota sobre um invisual” num dia em que tinha “um invisual no concerto”.

Por outro lado, houve ainda espaço para a visualização de um vídeo amador da performance dos irmãos, que originou a sátira da humorista.

Nós dissemos egrégios, sotora”, realçou Nelson, que interveio durante a manhã. A advogada da comediante interrogou “e o uou uou uou é um efeito?”. O cantor respondeu: “Faz parte”.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Ninguém tem duvida que o nosso Hino Nacional foi ultrajado! Agora estão a humilharem-se a eles próprios, porque as pessoas até já agora tinham esquecido…! Quanto mais mexem na merda, mais mal ela cheira…

  2. Pois, acho curioso como há uma enorme tolerância em relação à violência e ao sofrimento psicológicos. A sociedade não aceita um par de chapadas, mas tolera – e até defende – a agressão e a violência psicológica, apesar de esta ser, muitas vezes, mais dolorosa e causadora de danos duradouros do que a agressão física.

    Não raras vezes, as vítimas de violência psicológica recorrem à automutilação, tentando substituir uma dor psicológica insuportável por uma dor física, que se torna mais tolerável. Aliás, mesmo nos casos de agressão física, são quase sempre as consequências psicológicas que perduram mais tempo e provocam maior sofrimento.

    Exemplos não faltam. Desde o mediático episódio na cerimónia dos Óscares, quando Will Smith deu uma chapada a Chris Rock, até casos mais domésticos, como o momento em que o grande gozão Ricardo Araújo Pereira mostrou um cão a lamber botas para ridicularizar Luís Osório, num momento de completa falta de gosto e causador de imensa repulsa.

    Perguntem a Chris Rock se aquela chapada ainda lhe provocava dor na primeira noite em que tentou dormir, no dia seguinte, ou mesmo presentemente, ainda que de modo intermitente E depois perguntem-lhe: a dor que sentiu nesses momentos foi física ou psicológica?

    O que quero dizer é simples: há uma tolerância doentia, em certos setores da chamada “sociedade moderna e ocidental”, em relação à violência e à agressão psicológica — pior ainda, tenta-se disfarçá-la sob o manto da liberdade de expressão. O maior ataque à liberdade de expressão é, precisamente, confundir insulto gratuito, agressão e violência psicológica com essa mesma liberdade.

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    • A sociedade não pode funcionar partindo do princípio que toda a gente é psicologicamente frágil. Às vezes esse choque é precisamente o necessário para ultrapassármos a auto comiseração e nos fazermos à vida em vez de nos auto-vitimizarmos. Quando estamos no espaço mediático e erramos os efeitos podem ser drásticos e é bom que existam pessoas como a Joana Marques a ridicularizar aqueles que resolvem fazer figuras tristes no espaço público (redes sociais), essa higienização é necessária. Quando as pessoas conscientemente se expõe sabem que o escárnio e bajulação são as duas faces da moeda que a fama tem para oferecer. A descrição e o anonimato são sempre uma opção segura para quem não quer ser gozado publicamente. Este mundo dos mi mi mis e coitadinhos já chateia…

      • Tens toda a razão se a sociedade fosse forte e justa, já tinha dito a Joana que não tem piada, é baixa (anã) e gorda. E tem um sorriso de psicopata narcisista

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