Juan Carlos alega imunidade para evitar julgamento em Inglaterra por assédio à ex-amante

Sergio Barrenechea / EPA

Advogados da empresária alegam que Juan Carlos perdeu o estatuto como soberano ou chefe de Estado quando abdicou do trono, pelo que não deve gozar de imunidade.

O rei emérito de Espanha, Juan Carlos I, invocou imunidade para tentar evitar o julgamento em Inglaterra, onde é acusado pela antiga amante, a empresária dinamarquesa Corinna zu Aayn-Wittgenstein, de espionagem e assédio após o fim da relação. O pedido terá sido submetido ontem num tribunal londrino, onde a empresária, por sua vez, terá dado entrada com um processo civil por danos pessoais.

A queixosa diz ter sido ameaçada e que as suas propriedades foram invadidas a mando de Juan Carlos — de forma a que lhe fossem devolvidas as prendas oferecidas durante a relação. De acordo com a imprensa internacional,estão em causa obras de arte, joias e mais de 76 milhões de euros. A agência AFP avança ainda que nos documentos apresentados é feita uma referência a uma “relação romântica” que terá durado entre 2004 e 2008. A inversão de comportamentos terá acontecido, de acordo com a acusação, quando o empresária recusou retomar a relação.

Segundo o britânico The Guardian, há ainda relatos de ameaças vindas de funcionários próximos do antigo monarca — nomeadamente funcionários dos serviços de informações espanhóis — que alegadamente terão ameaçado não só a empresária como os seus filhos. As ameaças terão começado em 2012, dois anos antes de Juan Carlos abdicar, e terão continuado já com Filipe VI no trono. Fala-se ainda de uma alegada reunião em Londres entre Corinna e funcionários de Juan Carlos, durante a qual a vila na Suiça e o apartamento que esta detém no Mónaco foram invadidos. Como resultado dessa mesma ação, houve documentos remexidos e terá sido deixado, em cima de uma mesa, um livro relativo à morte da Princesa de Gales.

Mais recentemente (em 2017), também a casa de Corina em Shropshire, em Birmingham, também terá sido alvo de uma operação de vigilância, na qual uma das janelas do quarto foi perfurada. No ano passado, as câmaras de vigilância da mesma residência também foram alvejadas. Os dois incidentes foram reportados às autoridades, com a empresária a avançar agora com uma ação legal para exigir compensações pela “grande dor psicológica, alarme, ansiedade, sofrimento, perda de bem-estar, humilhação e estigmatização social que sofreu”.

Segundo o Expresso, seus advogados alegam que Juan Carlos perdeu o estatuto como soberano ou chefe de Estado quando abdicou do trono, pelo que não deve gozar de imunidade.

ZAP //

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