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Como ficaram 97 jovens depois de uma semana sem telemóvel?

Estudo envolveu universidade portuguesa e demonstrou que os jovens ficam ansiosos, inseguros. E confirmaram a dependência.

Estamos na rua, alguém vem contra nós porque estava a olhar para o telemóvel e nem nos viu.

Entramos no metro e, em cinco pessoas que estão perto de nós, quatro estão “coladas” no telemóvel – algumas até nem saem na paragem que era suposto porque estavam distraídas.

Um convívio entre amigos é transformado num convívio entre telemóveis. Boa parte do tempo é gasta a mostrarem coisas uns aos outros nos telemóveis (quando não fica cada um no seu mundo).

Os jovens dominam esta tendência. Não são os únicos que estão constantemente com o telemóvel, mas destacam-se neste contexto.

Por isso, muita gente – sobretudo pais – já terá perguntado: como é que ficariam estes jovens se passassem uma semana inteira longe de um telemóvel?

Foi essa a resposta que um projecto de investigação procurou encontrar. O estudo foi liderado por professores da Universidade de Málaga, mas com participação portuguesa, da Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Também participaram professores de Madrid, de Elche e de Viena (Áustria).

Participaram 97 voluntários, todos jovens espanhóis entre 15 e 24 anos, num estudo que será pioneiro na Europa. O projecto já arrancou em Maio de 2020 e os seus resultados foram divulgados agora na rádio Cadena SER.

Entre Maio e Julho deste ano os participantes foram “controlados” durante três semanas, enquanto utilizavam os seus telemóveis.

Na primeira semana, utilizaram o telemóvel durante cinco horas por dia, em média – quatro delas gastas nas redes sociais (WhatsApp, Instagram e TikTok, por esta ordem). Uma rotina normal.

Na segunda semana, ficaram sem o telemóvel. Os jovens foram escrevendo num diário como se estavam a sentir e as conclusões principais foram: incómodo, ansiedade, insegurança, agonia e admitiram a sua dependência. Uma minoria confessou que se sentia mais livre.

“Tinha necessidade de ter o telemóvel perto de mim. Ficava ansioso se o telemóvel estava longe. Ficava mais tranquila só por ter o telemóvel mais perto. Fiquei mais ansioso do que quando tentei deixar de fumar” – foram algumas frases escritas nos diários.

Na terceira semana, o consumo médio de cinco horas por dia voltou mas os jovens – todos – admitiram que a semana anterior, sem telemóvel, permitiu verificar (confirmar) que estavam viciados no dispositivo, que toda a sua vida está ligada ao telemóvel. E a maioria também percebeu que o telemóvel tira muito tempo da sua vida.

Perceberam igualmente que a dependência impede-os de terem melhores relações familiares em casa. Quando não tiveram o telemóvel, depois do jantar, foram falar com os pais em vez de irem para o TikTok até adormecerem. Ou viram uma série com os pais, em vez do isolamento habitual. Além disso, acabaram as discussões familiares sobre o telemóvel (durante uma semana).

Sem surpresas, os estudos e os trabalhos para a escola também saíram beneficiados, tal como a leitura de livros. “Há seis anos que não lia um livro inteiro”.

Também foi analisada a forma como lêem notícias – através das redes sociais. Na semana em que estiveram sem o telemóvel, como as notícias não lhes apareciam à frente, tiveram que ir procurar e sentiram-se mais informados.

Após esta experiência, os jovens continuam a não imaginar a sua vida sem um telemóvel. Mas, caso isso acontecesse, sentem que estão mais bem preparados para isso.

ZAP //

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