A Finlândia continua a ser o país mais feliz do mundo pelo sétimo ano consecutivo. Portugal aparece no 56.º lugar no Relatório sobre a Felicidade Mundial, que revela um indicador curioso que separa os jovens dos mais velhos.
Celebra-se, nesta quarta-feira, o Dia Internacional da Felicidade e os finlandeses continuam a ser o povo mais feliz do mundo. Uma constante que se repete há sete anos seguidos de acordo com o Relatório sobre a Felicidade Mundial que é publicado pela ONU.
O top 10 dos países mais felizes é dominado por países nórdicos, com Finlândia, Dinamarca e Islândia a ocuparem o pódio por esta ordem. Seguem-se Israel, Holanda, Suécia, Noruega, Suíça, Luxemburgo e Nova Zelândia.
Portugal surge no 56.º lugar entre 143 países analisados.
O Afeganistão ocupa o último lugar da lista num ranking que é definido tendo em conta avaliações quanto à satisfação com a vida, o PIB per capita, o apoio social, a esperança média de vida saudável, a liberdade, a generosidade e a corrupção.
Uma “crise de média idade” na juventude
Os EUA e Alemanha ficam, pela primeira vez, de fora do top 20 de países mais felizes do mundo, ocupando, respectivamente, os 23º e 24º lugares. Um dado que estará relacionado com um aumento da infelicidade entre os mais jovens nestes e em outros países da Europa ocidental que também desceram na lista.
Os jovens tendem a ser vistos, globalmente, como mais felizes do que os mais velhos, mas, na actualidade, já não será necessariamente assim, conforme se destaca no relatório.
“A tendência global positiva na satisfação vital” entre as idades de 15 a 24 anos acabou com a pandemia de covid-19, aponta o estudo elaborado por investigadores académicos e pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Neste grupo etário, a felicidade baixou significativamente na América do Norte “até ao ponto em que os jovens são menos felizes do que os velhos“, assinalam os autores do relatório, notando que também caiu na Europa ocidental, embora de forma menos notória.
Se avaliássemos apenas a felicidade das pessoas com 60 anos ou mais, os EUA apareceriam no 10º lugar. Mas analisando só os dados de quem tem menos de 30 anos, o país passa para o 62º lugar.
Em Portugal, os jovens ainda são mais felizes
Quanto a Portugal, a situação inverte-se. Assim, avaliando apenas a felicidade de quem tem menos de 30 anos, o país aparece no 46º lugar enquanto cai para o 63º lugar considerando apenas o que sentem os maiores de 60 anos.
Mas “em algumas partes do mundo, os jovens estão a experimentar o equivalente a uma crise de média idade“, analisa o professor de Economia Jan-Emmanuel de Neve da Universidade de Oxford e um dos autores do relatório em declarações citadas pelo jornal espanhol El Mundo.
Neve destaca que, nestes casos, exige-se “acção política imediata” e aponta como factores que podem explicar esta infelicidade dos mais jovens a “crescente polarização social, os aspectos negativos das redes sociais e a desigualdade económica”.
Esta diferença no grau de felicidade entre mais velhos e mais novos, com tendência favorável aos primeiros, também é notória em países como o Canadá e o Japão. Mas é menor em França, Alemanha e Grã-Bretanha, entre outros países.
Dinamarca tem os velhos mais felizes
Vários países da Europa central e oriental, antigos estados comunistas, assinalam uma melhoria significativa na percepção da felicidade, com uma diferença relativamente a países mais ricos, e com os jovens a sentirem que têm melhor qualidade de vida.
“Eslovénia, Chéquia e Lituânia estão a entrar no grupo dos 20 primeiros, e isso deve-se, em grande medida, à sua juventude”, destaca Neve ao El Mundo.
De resto, é na Lituânia que vivem os jovens com menos de 30 anos mais felizes. O país surge à frente de Israel, Sérvia, Islândia e Dinamarca. O Afeganistão surge, mais uma vez, no último lugar.
Já a Dinamarca é o país mais feliz para os maiores de 60 anos, seguindo-se Finlândia, Noruega, Suécia e Islândia. E o Afeganistão continua a ser o último entre os países analisados.