Jornal ganha prémio Pulitzer pela cobertura de massacre na sua própria redação

Um jornal onde, em junho do ano passado, ocorreu o pior massacre de jornalistas na história dos Estados Unidos, recebeu um prémio Pulitzer pela cobertura que fez do evento.

O massacre, obra de um homem que tinha um conflito com o jornal há muito tempo resultou em cinco mortes – John McNamara, Wendi Winters, Rebecca Smith, Gerald Fischman and Rob Hiaasen.

Apesar disso, a edição do dia seguinte saiu a horas, com a ajuda de colegas de outro jornal da mesma empresa. O “Capital Gazette” é um diário sediado em Annapolis, capital do Maryland, junto a Washington D.C. O alegado assassino já há anos tinha tentado processar o jornal, sem êxito, por causa de notícias sobre o seu passado criminal.

O tribunal entendeu que não tinha razão em achar-se difamado. Após o crime, declarou-se incapaz por razões de insanidade, mas só em novembro essa questão deverá ser decidida, quando começar o julgamento.

Os prémios Pulitzer são os mais importantes do jornalismo americano. Este ano, o jornal candidatou-se em cinco categorias diferentes e não ganhou em nenhuma delas. Mas recebeu um prémio especial – com o valor de cem mil dólares, equivalentes a 89 mil euros – por aquilo que o júri descreveu como “a sua resposta corajosa” ao massacre e “o seu compromisso incansável de cobrir as notícias e servir a comunidade num momento de dor sem nome”.

Na redação do “Capital Gazette”, a notícia do prémio foi recebida em silêncio, antes de alguns jornalistas começarem a reagir, de várias maneiras.

Uma repórter disse que teve de ir à casa-de-banho acalmar-se e acrescentou: “Ao início pensei que apenas queria dizer que se sentiam mal por nós. E não é verdade, pois há imensas pessoas que nos podem fazer sentir mal por elas. Nós realmente merecemos“. Outra repórter expressou satisfação por o “stress adicional” de prosseguir o trabalho ter sido reconhecido.

Os Pulitzers, escreve a BBC, também foram para o New York Times e ao Wall Street Journal por investigações ao presidente Donald Trump.

Dois jornalistas presos em Myanmar por reportarem um massacre de muçulmanos Rohingya fizeram parte de uma equipa da agência de notícias Reuters que também ganhou um prémio. Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram condenados a sete anos de prisão por violarem a Lei dos Segredos Oficiais, apesar do clamor internacional sobre o que foi amplamente visto como um ataque à liberdade de imprensa. A Reuters disse que não vai comemorar o prémio até os colegas serem libertados.

ZAP //

 

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