Impostos sobre Harleys e Jack Daniels. Reino Unido prepara contra-ataque às tarifas de Trump

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Andy Rain / EPA

Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido

Os britânicos estão focados em alcançar um acordo comercial com os Estados Unidos, mas estão dispostos a reverter a suspensão das tarifas a produtos icónicos americanos caso Trump avance para uma guerra comercial.

O Reino Unido está a preparar-se para uma possível guerra comercial com a administração de Donald Trump, com tarifas de retaliação sobre produtos americanos icónicos, como as motas Harley Davidson ou o whiskey Jack Daniels, prontas para serem reintroduzidas.

Londres tem vindo a definir estratégias proativas em resposta à recente sugestão de Trump de impor tarifas de entre 10% e 20% sobre todas as importações estrangeiras. Os ministros foram informados de que essas tarifas podem ser rapidamente reintroduzidas sem uma investigação formal pela Autoridade de Remédios Comerciais, graças à sua suspensão indefinida em 2022.

Estas tarifas foram impostas pela primeira vez pela União Europeia durante o mandato inicial de Trump, em retaliação às tarifas sobre o aço importado que Washington passou a cobrar. As medidas visavam produtos essencialmente americanos, incluindo o bourbon, as calças de ganga Levi’s e as Harley Davidson.

Embora os direitos aduaneiros tenham sido posteriormente suspensos no âmbito de um acordo com a administração Biden, continuam a estar disponíveis para aplicação imediata no caso de um reacendimento de uma guerra comercial.

Um funcionário do governo britânico ouvido pelo Politico sublinhou que o Reino Unido está relutante em comentar “políticas hipotéticas antes de Trump sequer tomar posse”. “Não nos vamos precipitar e falar sobre como devemos responder a algo antes de haver algo a que tenhamos de responder, explica.

Publicamente, os ministros têm evitado discutir estratégias de retaliação, concentrando-se antes na diplomacia e na esperança de evitar que Trump cumpra a promessa de taxar os produtos britânicos.

Um ministro do Governo salientou os elevados riscos para o Reino Unido, referindo que o comércio representa cerca de 30% do seu PIB, em comparação com apenas 10% para os EUA. Embora os direitos aduaneiros de retaliação sejam uma opção, é provável que exacerbem as tensões e contradigam os acordos feitos com a administração Biden para suspender tais medidas.

A ministra das Finanças Rachel Reeves estendeu recentemente um ramo de oliveira à nova administração Trump, defendendo uma colaboração económica mais profunda em áreas como as tecnologias emergentes. Num discurso conciliatório, Reeves enfatizou a importância do “comércio livre e aberto”, ao mesmo tempo que expressou o desejo de fortalecer os laços entre o Reino Unido e os EUA.

Apesar desta ação de sensibilização, os funcionários de Whitehall continuam realistas quanto à possibilidade de um acordo comercial entre o Reino Unido e os EUA, considerando-o improvável, tendo em conta os impasses das negociações anteriores.

A antecipação de mais tensões com Washington tem até reacendido esperanças em Bruxelas de uma reaproximação entre o Reino Unido e a União Europeia. Para além do comércio, há diplomatas europeus que antecipam ainda um fortalecimento das relações com Londres na defesa, mediante a escalada da guerra na Ucrânia.

Adriana Peixoto, ZAP //

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