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Ilha rara surgiu “quase do nada” no sul do oceano Pacífico

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Há quatro anos, uma ilha surgiu “quase do nada”: uma formação rochosa saliente que apareceu no Pacífico Sul, onde antes havia apenas ondas.

Este lugar – que emergiu entre duas ilhas existentes do Reino de Tonga – não tem nome oficial, mas os locais chamaram-na de Hunga Tonga-Hunga Ha’apai (Hunga Tonga), em honra das ilhas vizinhas e do vulcão submarino oculto que a gerou.

Os cientistas estudam Hunga Tonga há anos para aprender mais sobre como as ilhas vulcânicas extremamente raras como esta nascem.

Inacreditavelmente, Hunga Tonga é apenas a terceira ilha vulcânica conhecida que surgiu nos últimos 150 anos, por isso é uma oportunidade científica para investigar o seu ambiente esotérico e especialmente ver como a paisagem se pode assemelhar a outros terrenos estranhos e rochosos – incluindo, hipoteticamente, o de Marte.

Na maioria das vezes, porém, estes tipos de explorações científicas do Hunga Tonga são realizados remotamente, usando pesquisas aéreas ou por satélite. Mas uma expedição recente à ilha deu aos cientistas uma oportunidade rara de ver o local com os próprios olhos e explorar as suas encostas rochosas a pé.

Éramos como crianças em idade escolar“, disse Dan Slayback, do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA, ao blog Earth Expeditions da agência espacial.

Slayback viajou para Hunga Tonga com um grupo de cientistas e estudantes numa expedição de estudo organizada pela Associação de Educação Marinha do Woods Hole Oceanographic Institution em outubro do ano passado.

Na ilha, os investigadores realizaram medições de GPS, registando dados sobre a elevação de rochas e vários elementos de erosão, obtendo algumas novas perspetivas reveladoras sobre a paisagem de Hunga Tonga.

“Imediatamente notei que não era tão plana quanto parece nas imagens de satélite”, disse Slayback. “É bastante plana, mas ainda há alguns gradientes e os cascalhos formaram alguns padrões devido à ação das ondas.”

“E depois há argila fora do cone”, acrescenta. “É lama, lama de barro de cor clara. É muito pegajosa. Então, mesmo que tenhamos visto, nós não sabíamos o que era e ainda estou um pouco confuso de onde está a vir. Não é cinzenta.”

Talvez a coisa mais notável sobre esta jovem ilha seja a rapidez com que a vida parece tê-la abraçado. Além das manchas de vegetação que cresceram na terra – que se suspeita terem sido semeadas por excrementos de pássaros -, a equipa avistou centenas de aves marinhas chamadas Onyprion fuscatus, a nidificar nas ravinas do penhasco de Hunga Tonga, juntamente com uma coruja de celeiro solitária.

“Isto realmente torna óbvio o que está a acontecer com a paisagem”, referiu o investigador. Mas a paisagem já está sob ameaça. Ilhas vulcânicas como esta, às vezes, só duram meses antes que a erosão as leve de volta para o nada – e ninguém sabe ao certo quanto tempo Hunga Tonga manterá a sua cabeça acima da água. Até agora, o prognóstico é sombrio.

“A ilha está a desgastar-se com a chuva muito mais rapidamente do que imaginava”, diz Slayback. “Nós estávamos focados na erosão na costa sul, onde as ondas estão a desabar. A ilha inteira está a afundar também”.

Enquanto isso, os cientistas estão a aprender tudo o que podem sobre este refúgio fugaz.

1 Comment

  1. Não sei o que é que isto tem de mais extraordinário do que o Vulcão dos Capelinhos.
    de um dia para o outro, em 1959, a Ilha do Faial aumentou de tamanho por acção de um vulcão submarino vizinho. E a erupção criou uma ligação terrestre ao Faial.

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