“Bolha dentro da bolha”. Há uma ilha artificial no Qatar só para estrangeiros milionários

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Planet Labs, Inc / Wikimedia

“Se o Qatar é uma bolha dentro do mundo, A Pérola é uma espécie de bolha dentro do Qatar.”

A frase é da britânica Siobhan Tulley, moradora da ilha artificial cheia de ostentação que o Qatar construiu para imigrantes ricos.

As ruas de A Pérola não parecem estar no Golfo Pérsico: as suas construções imitam os prédios da Europa mediterrânica. Mas são todas novas em folha, já que a ilha foi construída em 2006, e misturam estilos de diferentes países, quase como um parque temático.

Existem praças e canais de estilo espanhol e edifícios venezianos. As rotundas, enfeitadas por fontes, são passarelas onde desfilam carros desportivos que valem centenas de milhares de dólares. As baías da ilha são rodeadas por enormes prédios de mais de 20 andares, com piscinas e até praias particulares. Na marina Porto Arábia, há edifícios que imitam o estilo de construção árabe.

Várias nacionalidades, muito mais de aparência ocidental do que o resto do país, divertem-se em cafés nas calçadas e em bistrôs à noite.

Aqui estão cenas não tão comuns em outros bairros de Doha. Na marina, as mulheres andam com decotes baixos, ombros descobertos e saias curtas. A ilha também tem a maior concentração do país de hotéis e bares que servem álcool.

4 milhões de m² roubados ao mar

A Pérola é o principal projeto da United Development Company, a principal construtora pública do Qatar. A ilha foi feita artificialmente e cerca de quatro milhões de metros quadrados foram “roubados” do mar.

Foi o primeiro projeto urbano que permitiu que imigrantes comprassem imóveis no Qatar. Atualmente a ilha tem 25 mil unidades residenciais e 33 mil habitantes.

Um apartamento estilo “estúdio” pode custar 300 mil dólares e uma casa de cinco quartos com vista para o mar ultrapassa os 12 milhões de dólares.

Quinze milhões de turistas visitam anualmente este espaço que abriga restaurantes, hotéis de luxo — um deles hospeda a seleção dos Estados Unidos — centros comerciais, bares, cinemas e outros estabelecimentos de lazer.

“A bolha dentro da bolha”

Quando Siobhan Tulley diz que A Pérola “é uma bolha dentro da bolha”, refere-se a problemas que assolam o mundo — como a pandemia e a guerra na Ucrânia — e como estes atingem pouco a ilha.

A referência a estas bolhas no Qatar, onde as mulheres ocidentais podem usar biquínis na praia, frequentemente surge em conversas com moradores e jornalistas.

Para os migrantes pobres, no entanto, a situação é diferente. Nos arredores de Doha, a Labor City recebe trabalhadores migrantes do Sudeste Asiático e da África Oriental. O acesso ao local é restrito e vigiado pelo governo, e os relatos que existem não pintam uma situação agradável.

Os críticos afirmam que isso é uma das autoridades de manter os trabalhadores excluídos e escondidos, algo que o Qatar nega, dizendo que é para garantir a sua segurança.

ZAP // BBC

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