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Descoberto o Homo Sapiens mais antigo fora de África

(dr) Klint Janulis

Escavações em curso no sítio arqueológico de Al Wusta, Arábia Saudita

Um osso de dedo fossilizado de um humano moderno de 90 mil anos, encontrado no Deserto de Nefude, na Arábia Saudita, revela que o primeiro êxodo humano fora de África foi mais expansivo do que se pensava.

A descoberta é o fóssil do Homo Sapiens datado mais antigo fora de África e do Oriente, segundo o Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, na Alemanha.

Antes desta descoberta, pensava-se que as primeiras dispersões na Eurásia não tinham tido êxito e se tinham limitado aos bosques mediterrânicos de Levante, às portas de África.

Os resultados deste estudo, publicado na segunda-feira na revista Nature Ecology & Evolution, detalham a descoberta realizada no sítio de Al Wusta, um antigo lago de água doce localizado no que agora é o hiperárido deserto de Nefude.

Vários fósseis de animais, incluindo de hipopótamo e pequenos caracóis de água doce, são encontrados em Al Wusta, assim como muitas ferramentas de pedras feitas por humanos.

Entre estas descobertas, encontrava-se um fóssil bem conservado e pequeno, com apenas 3,2 centímetros de comprimento, que foi imediatamente reconhecido como um osso de dedo humano.

O osso foi digitalizado em três dimensões e a sua forma foi comparada com outros ossos dos dedos, tanto de indivíduos Homo Sapiens recentes, como de outras espécies primatas e outras formas de humanas primitivos, tais como os neandertais.

(dr) Ian Cartwright

Fóssil de dedo encontrado no sítio de Al Wusta, na Arábia Saudita

Os primeiros humanos colonizaram uma ampla região do sudoeste asiático

Os resultados mostraram de forma conclusiva que o osso do dedo, o primeiro fóssil humano antigo encontrado na Arábia Saudita, pertencia à nossa espécie.

Utilizando uma técnica chamada datação por séries de urânio, foi utilizado um laser para fazer orifícios microscópicos no fóssil e medir a proporção entre minúsculos traços de elementos radioativos. Estas proporções revelaram que o fóssil tinha 88 mil anos de antiguidade.

Outras datas obtidas de animais associados fossilizados e sedimentados convergiram a uma data de aproximadamente 90 mil anos atrás. Outras análises ambientais também revelaram que o sítio tinha sido um lago de água doce num antigo ambiente de pastagem, muito distante dos desertos atuais.

O autor principal do estudo, Huw Groucutt, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e o Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, afirma em comunicado que “esta descoberta demonstra conclusivamente, pela primeira vez, que os primeiros membros da nossa espécie colonizaram uma região expansiva do sudoeste da Ásia e não apenas a área restrita ao Levante”.

“A capacidade destes primeiros povos para colonizar amplamente esta região levanta dúvidas sobre os pontos de vista sustentados de que as primeiras dispersões fora de África foram localizadas e não tiveram êxito”, acrescenta o comunicado.

Os desertos modernos da Península Arábica já foram exuberantes prados que os humanos puderam colonizar.

“A Península Arábica considerava-se há muito longe da etapa principal da evolução humana. Esta descoberta coloca firmemente a Arábia no mapa como região-chave para entender as nossas origens e expansão para o mundo”, acrescenta o líder do projeto, Michael Petraglia, cientista do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana.

“À medida que o trabalho de campo avança, continuamos a fazer descobertas notáveis na Arábia Saudita”, conclui o investigador.

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