Um grupo de cientistas da Oxford Brookes University, na Grã-Bretanha, revela que o número de corujas comercializadas ilegalmente na Indonésia disparou nas últimas décadas devido à popularidade da saga Harry Potter.
Segundo o estudo publicado na Global Ecology and Conservation, a história de feiticeiros que têm corujas de estimação, criada por J.K. Rowling, popularizou o hábito de criar este tipo de aves dentro das habitações.
Antes da saga, as corujas eram chamadas de Burung Hantu na língua malaia, que significa “pássaro-fantasma” em português, e agora, são chamadas de Burung Harry Potter, ou “Ave Harry Potter”.
Como consequência, o número de animais vendidos chegou a 13 mil em 2016, uma quantidade que se restringia a poucas centenas antes dos filmes e livros do Harry Potter chegarem ao país, em 2000 e 2001.
Os cientistas receiam que esta popularização das corujas ameace a conservação de espécies mais raras, que não beneficiam de nenhum tipo de protecção por parte do governo indonésio.
Vincent Nijman, o principal autor do estudo, e a sua colega K. Anne-Isola Nekaris, contabilizaram a presença das corujas nos mercados das ilhas de Java e Bali, entre 1979 e 2010, através de relatórios e, entre 2012 a 2016, através de 109 visitas a 20 lojas.
Os investigadores verificaram que, entre 1980 e 2000, estas aves eram raramente encontradas à venda. Mas, em 2001, começaram a ser mais comercializadas, com dez ou mais espécies por mercado – e, nos últimos anos, este número tem vindo a aumentar.
Nos maiores comércios de Jacarta, a capital da Indonésia, encontram-se entre 30 e 60 corujas à venda, com a variedade de até oito espécies, sendo que a grande maioria das aves é capturada no seu habitat natural.
Apesar de a legislação indonésia proibir o comércio de espécies selvagens para as quais ainda não há cota de captura oficial, que é o caso de corujas, o governo ainda não reagiu ao comércio ilegal.
E, como a Indonésia não monitoriza a população selvagem destas aves, as informações estão restritas a estimativas feitas por cientistas. Deste modo, o declínio das corujas pode ser menos notado visto que são animais nocturnos.
Para incentivar a conservação, os autores do estudo pedem a inclusão das corujas na lista de espécies protegidas do país como um “primeiro passo para atenuar os efeitos negativos desta crescente tendência”.