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Há uma relação curiosa entre a música e a recessão económica

Há uma teoria que diz que a música está (des)sincronizada com as grandes crises económicas. Venha aí o que vier, as “memórias” estão sempre prontas para serem “a melhor terapia” (e a história pode confirmá-lo).

Durante a Grande Recessão de 2007-2009, enquanto a economia global enfrentava dificuldades, a música pop alcançou novos picos de popularidade, oferecendo uma espécie de refúgio escapista para aqueles que viviam tempos difíceis.

O El Confidencial conta a história de Joe Foster – um jovem de 27 anos que recorda como a música pop da época, com artistas como Lady Gaga, Kesha e Black Eyed Peas, dominava as discotecas e servia como uma distração dos problemas económicos que afetavam muitas famílias.

O termo “pop de recessão” não é reconhecido nos livros de história da música, mas ganhou notoriedade nas redes sociais, especialmente no TikTok.

Esse subgénero refere-se a canções que parecem ter sido criadas para desviar a atenção dos ouvintes dos desafios financeiros da época.

Exemplos disso são as letras otimistas e os ritmos animados de músicas lançadas durante a crise, como “Party Rock Anthem” dos LMFAO e “Just Dance” de Lady Gaga.

No caso dos LMFAO o apelo era que “toda a gente se divertisse” – em 2011, quando cerca de 10% dos americanos estava desempregado.

No caso de Lady Gaga, em pelna crise de 2008, a cantora norte-americana dizia para “dançarmoso, vai correr tudo bem”.

Os teóricos do “pop de recessão” sugerem que as condições económicas adversas, como o alto desemprego e a queda no valor das casas, contribuíram para o sucesso destas músicas.

Pessoas querem “positivismo” e “escapismo”

A teoria também aponta para uma possível ligação entre o estado da economia e as preferências musicais do público.

Estudos recentes da Universidade de Alcalá, em Espanha, revelou que, em tempos de crise, as pessoas tendem a preferir músicas com letras positivas e ritmos animados, usando a música como um mecanismo de conforto e escape.

No entanto, esta ligação entre economia e música não é nova.  Ao longo da história, a arte tem refletido o estado social e económico, com exemplos como “Brother, Can You Spare a Dime?” de Bing Crosby durante a Grande Depressão.

Outro exemplo desse fenómeno é a música “Celebration” dos Kool & The Gang na recessão dos anos 80.

Apesar de alguns verem o “pop de recessão” como um reflexo da atual situação económica, outros argumentam que este fenómeno pode ser impulsionado mais pela nostalgia do que por um verdadeiro reflexo das condições económicas atuais.

O que é certo é que a geração que cresceu durante a Grande Recessão está agora a revisitar a música da sua juventude, relembrando-a como uma forma de “escapismo” que oferecia consolo durante tempos difíceis.

Embora a economia dos EUA atualmente não esteja oficialmente em recessão, a incerteza económica persistente alimenta a procura por esse tipo de música “escapista”.

Como refere o El Confidencial, resta saber se uma nova era de “pop de recessão” surgirá para refletir as dificuldades atuais ou se a nostalgia pela música do passado continuará a dominar as preferências do público.

ZAP //

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