Há algo a tapar o buraco negro supermassivo de uma galáxia brilhante

M. Weiss / CXC / NASA

Uma equipa de astrónomos chineses observou um fenómeno de obscurecimento de raios-X na galáxia NGC 6814. O buraco negro supermassivo no seu centro está a ser ocultado por algum tipo de material.

Há algo a obscurecer a intensa emissão de raios-X proveniente do gás e do pó que rodeiam o buraco negro supermassivo de NGC 6814, uma galáxia brilhante de média dimensão a 75 milhões de anos luz da Terra.

Normalmente, quando se fala em “obscurecimento” relacionado com buracos negros, referimo-nos normalmente a um buraco negro que está a bloquear da nossa visão certas fontes de emissão de radiação.

No entanto, num novo estudo publicado a semana passada na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, uma equipa de investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China relataram ter observado na galáxia NGC 6814 o fenómeno oposto: algo a obscurecer o buraco negro.

Há um buraco negro supermassivo no centro de todas as grandes galáxias. No caso da nossa galáxia, a Via Láctea, é Sagitário A*, que acordou há 200 anos.

Frequentemente, gás e poeira são absorvidos por estes buracos negros, e uma parte da sua massa converte-se em intensa emissão de radiação, que podemos detetar a milhões de anos-luz de distância..

Segundo a Phys.org, este é o caso do sistema estelar NGC 6814, que a equipa de astrónomos chineses liderada pelo professor Wang Junxian estudou, usando o telescópio orbital de raios-X XMM-Newton.

No artigo recentemente publicado, os investigadores explicam ter observado algo a eclipsar temporariamente a intensa emissão proveniente do buraco negro. Estes fenómenos de obscurecimento de raios-X são extremamente raros. Até agora, apenas foram observados 4 ou 5 vezes.

Tanto a coroa de raios-X do buraco negro como o objeto que o está a obscurecer são demasiado pequenos para serem diretamente vistos a partir de uma distância tão vasta. No entanto, ao analisar a forma como o espectro de raios-X muda durante o obscurecimento, os investigadores conseguiram reunir informações substanciais.

Os autores do estudo usaram um diagrama “fluxo-cor”, que mostrou que quanto mais “suave” se torna a emissão de raios-X, mais brilhante ela é — tendo concluído que que o objeto que obscurece o buraco negro é maior do que o próprio buraco negro e consiste em aglomerados individuais que se movem em conjunto.

Segundo as evidências recolhidas no decorrer do estudo, o objeto que eclipsa o buraco negro faz parte dos fluxos provenientes do seu próprio disco de acreção.

Esta nuvem de fragmentos rochosos e poeira move-se a velocidades de até 10.000 km/s, e a coroa de raios-X em si é muito pequena: o seu diâmetro é de apenas 10 raios gravitacionais do objeto central.

A astronomia não cessa de nos surpreender. Além do Sol e da Lua, também os buracos negros têm eclipses…

ZAP //

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