Vários conflitos geopolíticos, como a guerra em Israel ou o conflito entre a Arméria e o Azerbaijão, estão a expor a incapacidade da União Europeia de ser um mediador no plano global.
Numa altura em que o mundo enfrenta crises geopolíticas sem precedentes, a União Europeia (UE) parece cada vez mais ausente nos debates e decisões que moldam o curso da história global.
Depois das disputas em Nagorno-Karabakh e no Kosovo, o capítulo mais recente é a enorme escalada de violência vivida entre o Hamas e Israel nos últimos dias, que mais uma vez deixou a nu a falta de coesão e a marginalização da UE.
A confusão ficou clara na decisão inicial da Comissão Europeia de suspender de imediato o envio de 691 milhões de euros de ajuda humanitária à Autoridade Palestiniana, apenas para se contradizer horas depois, sinalizando que a ajuda poderia até aumentar. Este volte-face suscitou críticas e confusão, realçando a falta de uma política externa coerente.
Enquanto os EUA reafirmaram seu apoio inequívoco a Israel, a UE mostrou-se dividida. O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e crítico de longa data de Israel, Josep Borrell, condenou os ataques “bárbaros e terroristas” do Hamas, mas defendeu a continuação e até um possível aumento do apoio à Palestina.
Borrell é também persona non grata em Israel. O chefe da diplomacia europeia organizou uma reunião de emergência dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em Omã, onde já se reuniam, para discutir a situação em Israel, mas o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita recusou participar, mesmo remotamente.
Por sua vez, a Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, condenou os ataques numa série de tweets, chegando até a pendurar a bandeira israelita na fachada do seu escritório.
Em Washington, a resposta foi muito mais inequívoca do que em Bruxelas. “Estamos com Israel. E vamos garantir que Israel tem aquilo de que precisa para cuidar dos seus cidadãos, defender-se e responder a este ataque”, anunciou Joe Biden.
Biden convocou ainda a França, Alemanha, Itália e o Reino Unido para discutir a resposta à crise. Notoriamente ausentes da lista de aliados estavam os líderes do bloco europeu.
As tentativas europeais de um novo acordo nuclear com o Irão podem estar por trás do afastamento dos Estados Unidos da UE, com os responsáveis americanos a acusarem Teerão de financiar o Hamas.
No ano passado, Borrell até viajou para o Irão numa tentativa de reiniciar as conversações, apesar das fortes objecções do então Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Yair Lapid.
Impotência noutros conflitos
A situação entre Israel e a Palestina não é a única onde a União Europeia ficou à margem. Noutras regiões, como Nagorno-Karabakh, a UE mostrou-se igualmente impotente. Apesar dos esforços diplomáticos do Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o Azerbaijão acabou por tomar a região, evidenciando mais uma vez a incapacidade da UE em ser um interveniente eficaz em conflitos globais.
O Kosovo é mais um exemplo da ineficácia da UE, onde os esforços de longa data para alcançar uma paz duradoura entre as populações albanesa e sérvia têm falhado continuamente. Quando as tensões ameaçaram desencadear um conflito total, a UE teve de recorrer ao seu “mecanismo de resolução de crises” habitual: os Estados Unidos.
A dissonância entre as aspirações geopolíticas da Europa e a realidade é mais evidente na sua relação com a Rússia e a Ucrânia. Embora a UE tenha fornecido milhares de milhões em ajuda financeira, humanitária e militar à Ucrânia, estes esforços mostram-se insuficientes para dissuadir a agressão russa.
Esta série de falhas e contradições põe a nu a declínio da influência global da UE. A incapacidade de projetar poder militar e a falta de uma política externa coesa tornaram a UE um interveniente menor e até um mero espectador na cena mundial.
Só falta mesmo Israel aderir à UE!!!
Uma pouca vergonha, se eles estão ná Asia… porque concorrem ao Festival da EUROvisão… porque jogam na UEFA, enfim…
O culpado principal é, certamente o Adolf… que começou um trabalho e não o acabou!!!
Lá está! O que é um problema nesta guerra é a irrelevância da União Europeia, não é a quantidade de pessoas em absoluta miséria e desespero no meio de cidades completamente destruidas e dezenas de milhar de cívis mortos na sua maioria mulheres e crianças… O problema nem é a elite política europeia apoiar tudo isso. Não, o problema é a irrelevancia política Europeia… meu deus o que fazer agora? Quero dizer, sem paz todos vivemos, mas ai meu deus, como podemos viver sem a relevancia política da UE?