O ex-Presidente francês é visado num inquérito por agressão sexual, na sequência da queixa apresentada por uma jornalista alemã, informou o Ministério Público de Paris à agência AFP.
Ann-Kathrin Stracke, jornalista de 37 anos da televisão pública alemã WDR, apresentou queixa, no dia 10 de março, contra o antigo chefe de Estado, de 94 anos, que acusa de lhe ter tocado por três vezes nas nádegas durante uma entrevista realizada no seu gabinete em Paris, no final de 2018.
Contactado pela AFP, o advogado do ex-Presidente Giscard d’Estaing não quis fazer nenhum comentário.
“Fico contente por saber que o Ministério Público registou a minha queixa e decidiu abrir um inquérito”, disse a jornalista à agência. “Estou, naturalmente, à disposição da justiça francesa no âmbito deste inquérito”, acrescentou.
Na sexta-feira, quando confirmou à AFP ter apresentado queixa, Stracke declarou ter decidido “contar a história” por considerar que “as pessoas devem saber que um ex-Presidente francês assediou sexualmente uma jornalista”.
Segundo Ann-Kathrin Stracke, os factos ocorreram a 18 de dezembro de 2018, durante uma entrevista a Giscard d’Estaing por ocasião do 100.º aniversário do nascimento de Helmut Schmidt, antigo dirigente social-democrata e chanceler alemão (1974-1982), cujo mandato coincidiu com o de Giscard d’Estaing na Presidência francesa (1974-1981).
“Depois da entrevista, pedi para tirar uma fotografia com o senhor d’Estaing e os meus colegas. A foto foi tirada pela assistente [do ex-Presidente], que estava na sala. Eu estava de pé, à esquerda de Valéry Giscard d’Estaing, e, durante a foto, ele pôs a mão na minha cintura, do lado esquerdo, e daí deslizou para as minhas nádegas e ficou lá”, declarou.
A situação ter-se-á repetido por duas vezes nos momentos seguintes, quando era tirada outra fotografia e quando o ex-Presidente mostrava à jornalista fotografias suas com outros chefes de Estado ou com familiares.
“Tentei afastá-lo, mas não consegui”, disse, acrescentando que só se libertou daquela situação “muito degradante” com a ajuda do operador de câmara, que derrubou um candeeiro e colocou uma cadeira entre Valéry Giscard d’Estaing e Ann-Kathrin Stracke.
A jornalista é apoiada pela respetiva entidade patronal, o canal público WDR, que submeteu o caso a uma investigação independente.
// Lusa