Alzheimer. Maior estudo de sempre identifica 42 novos genes “suspeitos”

(dr) baycrest.org

Naquele que é o maior estudo sobre Alzheimer até à data, investigadores mais do que duplicaram o número de variações genéticas conhecidas por estarem implicadas na doença.

Demência é um termo abrangente que descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações das reações emocionais normais.

Estima-se que em Portugal existam entre 67 e 90 mil pessoas com doença de Alzheimer, num universo de 5% da população portuguesa que sofre de demência.

Os investigadores analisaram os genomas de mais de 100.000 pessoas com Alzheimer ou pais com a doença e compararam-nos com mais de 600.000 pessoas sem histórico familiar da doença.

O consórcio de cientistas identificou 75 áreas do genoma humano associadas à doença de Alzheimer, das quais 42 nunca tinham sido relacionadas à doença.

“Este é um estudo de referência no campo da investigação do Alzheimer e é o culminar de 30 anos de trabalho”, disse a coautora Julie Williams, diretora do Centro de Pesquisa de Demência do Reino Unido.

“Sessenta a 80 por cento do risco de doença é baseado na nossa genética e, portanto, devemos continuar a procurar as causas biológicas e desenvolver tratamentos muito necessários para milhões de pessoas afetadas em todo o mundo”, acrescentou.

Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Nature Genetics.

“Parte do que este estudo mostra é quão complexa esta doença realmente é e quão multifatorial ela é”, disse também Rebecca Sims, da Universidade de Cardiff.

Ainda assim, em declarações à New Scientist, Sims destaca o papel que a microglia, células imunes no cérebro, pode desempenhar na doença.

Este novo estudo tornará mais fácil garantir que as pessoas recebam o melhor tratamento. A equipa de investigadores descobriu ainda que incluir estas variações genéticas recém-descobertas melhorou a capacidade de prever o potencial de uma pessoa desenvolver a doença.

“Se alguém tem um risco muito alto de desenvolver Alzheimer, potencialmente pode começar a tomar medicamentos mais cedo na vida para ajudar a atrasá-lo ou até preveni-lo”, diz Sims.

Entre os genes que se descobriu terem influência na doença estão genes associados à inflamação que envolvem citocinas ou proteínas capazes de provocar a morte de células tumorais.

Daniel Costa, ZAP //

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