Um fungo “zombie” força as moscas macho a acasalar com fêmeas mortas. Já sabemos porquê

Claudio Quezada - Pintamono / Flickr

O fungo faz com que os corpos das fêmeas mortas libertem químicos que fazem os machos querer acasalar. O objetivo de fungo é aproveitar-se da proximidade para se tentar propagar para o macho.

O fungo Entomophthora muscae tem uma estratégia de sobrevivência saída de um filme de terror, já que infeta as moscas fêmeas e transforma-as em “zombies”. Mas não se fica por aqui, já que envia sinais químicos que encorajam as moscas macho a acasalarem com as moscas mortas.

A descoberta foi relatada num novo estudo publicado na ISME Journal. Quando as moscas avançam com a necrofilia, o fungo pode transferir-se para os machos tendo, em teoria, uma melhor oportunidade de se continuar a espalhar.

O ponto fundamental neste processo é a libertação de sesquiterpenos por parte da fêmea, que funcionam como um sinal químico de “sedução” aos machos. As experiências mostram que há quanto mais tempo as moscas estiverem mortas, mais  mais atraentes aparentam ser para os machos.

“Os sinais químicos agem como feromonas que enfeitiçam as moscas macho e criam um impulso incrível para acasalarem com as carcaças sem vida das fêmeas”, explica o biólogo evolutivo Henrik De Fine Licht.

Quando o fungo infeta a fêmea, começa a multiplicar-se. Depois de cerca de seis dias, consegue controlar o comportamento do inseto e guia-o para o sítio mais alto possível numa parede ou numa planta antes da mosca morrer. Os esporos do fungo são depois libertados pela mosca morta, na esperança de conseguirem chegar a uma outra mosca e infetá-la.

A equipa usou várias análises químicas e técnicas de sequenciação genética para entender ao certo o que é que o fungo fazia para atrair os machos e qual a taxa de sucesso da sua transmissão, escreve o Science Alert.

Os testes mostraram que as fêmeas que estavam mortas há entre três e oito e horas atraíam 15% dos machos, enquanto que os corpos das moscas que estavam mortas há entre 25 e 30 horas já apelaram a 73% dos machos. Quanto mais tempo passava, maior era a quantidade de sinais químicos enviados.

Os resultados da pesquisa mostram o poder dos sesquiterpenos na manipulação do comportamento das moscas e podem ser úteis na criação de repelentes eficazes.

ZAP //

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