O Papa Francisco autorizou a canonização de Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), sem necessidade de um novo milagre atribuído à intercessão do futuro santo português.
“O Papa Francisco concedeu, no passado dia 20 de janeiro, em audiência à Congregação para a Causa dos Santos, a autorização necessária à dispensa do milagre formalmente demonstrado para a declaração de santidade do Beato Bartolomeu dos Mártires”, refere um comunicado da Arquidiocese de Braga enviado à Agência Ecclesia.
Segundo a Arquidiocese minhota, este é um “passo significativo” que permitirá, em breve, a conclusão do processo de canonização e a declaração pública da santidade de Bartolomeu dos Mártires, “antigo arcebispo de Braga e figura de referência do Concílio de Trento”.
Frei Bartolomeu, nascido em Lisboa, em 1514, foi ainda responsável pelo território que hoje compreende as dioceses de Viana do Castelo, Bragança-Miranda e Vila Real.
D. Jorge Ortiga, numa nota pública, afirmou que esta notícia foi acolhida “como um novo estímulo para a caminhada arquidiocesana de conversão pessoal e pastoral” e reconheceu em Bartolomeu dos Mártires “um companheiro de viagem que abre novos horizontes”.
Segundo a mesma nota, confirma-se para breve a colocação de uma estátua do Frei Bartolomeu no Largo de Santiago, junto à igreja de São Paulo.
Bartolomeu dos Mártires foi declarado venerável a 23 de março de 1845, pelo Papa Gregório XVI e Beato a 4 de novembro de 2001, pelo Papa João Paulo II.
A 5 de fevereiro de 2015, D. Jorge Ortiga entregou, em mãos, ao Papa Francisco um dossier sobre a vida do antigo arcebispo de Braga e formulou o pedido de canonização equipolente.
“Com a atual dispensa do milagre, o processo de canonização entra numa fase conclusiva e, a curto prazo, será anunciada a data de canonização”, refere a Arquidiocese de Braga.
A 1 de maio de 2014, a Conferência Episcopal Portuguesa publicou uma nota pelos 500 anos de nascimento do futuro santo, que se encontra sepultado em Viana do Castelo, no Convento de São Domingos que ele próprio mandou construir e onde se recolheu até à sua morte em 16 de julho de 1590.
A canonização equipolente, a que o Papa Francisco tem recorridos em diversas ocasiões, é um processo instituído no século XVIII por Bento XIV, através do qual o Papa “vincula a Igreja como um todo para que observe a veneração de um Servo de Deus ainda não canonizado pela inserção de sua festividade no calendário litúrgico da Igreja universal, com Missa e Ofício Divino”.
Dois desses processos levaram à canonização de figuras ligadas à missionação portuguesa: o padre José Vaz, nascido em Goa, então território português, a 21 de abril de 1651, que foi declarado santo no Sri Lanka; e José de Anchieta (1534-1597), religioso espanhol que passou por Portugal e se empenhou na evangelização do Brasil.