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A “mais bonita” fábrica portuguesa de calçado faliu

Leather Spa / Facebook

Produzia 1.300 pares de calçado por dia e colecionava prémios na área da inovação. Mas os salários em atraso de 130 trabalhadores e a dívida de 5,3 milhões de euros ditaram a falência da empresa.

Foi na passada terça-feira que os credores da Abreu & Abreu, a empresa detentora da unidade industrial em Felgueiras onde eram fabricados os sapatos da marca própria Goldmud, deram ordem para a liquidição dos ativos no Tribunal de Amarante, segundo o Negócios.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da associação dos industriais portugueses de calçado, garantiu que esta era a falência da “mais bonita fábrica do setor”. E Carlos Pereira, dirigente sindical, concorda: “A mais bonita em tudo – o edifício, em termos de máquinas e de condições de trabalho”.

No entanto, mais fatalista é Miguel Abreu, administrador e filho de um dos fundadores da Abreu & Abreu. “A mais bonita? Isso vale o que vale, agora está como está. Não valeu de nada”, disse ao confirmar que a empresa faliu com dívidas a um total de 357 credores.

E a fábrica chegou a esta situação por um “catapultar de situações, todas ao mesmo tempo, e, de repente, entrámos no abismo“. Miguel adiantou que foi sobretudo o “investimento realizado na fábrica e a falta de apoio da banca à nossa tesouraria, que estava estrangulada”, que levou a empresa ao tapete.

Há cerca de dois anos, a Abreu & Abreu investiu “mais de um milhão de euros” na deslocalização da fábrica de Lousada para Felgueiras, onde tinha adquirido uma unidade fabril, e que permitiu quase duplicar a capacidade de produção de 700 para 1.300 pares por dia.

“De resto, esta indústria, ao contrário do que se pensa, não está assim tão fácil. O mercado está muito instável, a meteorologia está toda ao contrário, o sistema de vendas está diferente, temos o online – enfim, tudo está a mudar, e nós fomos apanhados no meio desta rede”, explicou o gestor. Entretanto, contou, “passámos as encomendas que tínhamos a outras empresas sem receber nada em troca, apenas para satisfazer os nossos clientes”.

Quanto aos 130 trabalhadores da Abreu & Abreu, que tinham suspendido o contrato de trabalho em janeiro, porque “não tinham recebido o salário de dezembro nem metade do subsídio de férias”, Carlos Pereira afiançou que o recurso ao subsídio de desemprego foi um mero formalismo. “Não foram engrossar o desemprego em Felgueiras. Aqui, no sector do calçado, o desemprego é nulo. Já estão todos empregados noutras fábricas”, assegurou.

ZAP //

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