“Dor de cabeça” para a Europa: extrema-direita (fundada por ex-nazis) vence na Áustria

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Filip Singer/EPA

Presidente e principal candidato do Partido da Liberdade da Áustria (FPOe), Herbert Kickl.

Vitória histórica é a primeira desde a Segunda Guerra. Mas Herbert Kickl terá ainda de conseguir um parceiro de coligação para chegar à maioria na câmara baixa do parlamento. FPÖ estará “bastante à direita” do Chega.

A extrema-direita venceu as eleições legislativas deste domingo na Áustria e, a confirmar-se este resultado, está a caminho de uma vitória histórica, segundo as projeções publicadas no final do escrutínio pela estação pública ORF.

O Partido da Liberdade (FPÖ) de Herbert Kickl obteve 29,1% dos votos, contra 26,2% dos conservadores (ÖVP) liderados pelo chanceler Karl Nehammer, segundo estas primeiras estimativas baseadas na contagem de uma parte dos votos por correspondência e dos boletins de voto contados nas assembleias de voto encerradas anteriormente.

Os sociais-democratas do centro-esquerda devem ser o terceiro partido mais votado, com 20,7% dos votos.

Herbert Kickl, um antigo ministro da Administração Interna e experiente estratega de campanha que lidera o Partido da Liberdade desde 2021, quer ser o próximo chanceler da Áustria na primeira vitória eleitoral da extrema-direita no pós-II Guerra Mundial.

Anti-imigração, anti-sanções contra a Rússia

A extrema-direita capitalizou com a frustração dos eleitores com a inflação elevada, a guerra na Ucrânia e a pandemia de covid-19, mas também com os receios associados à imigração.

No seu programa eleitoral, intitulado “Áustria Fortaleza”, o FPÖ apela à “remigração de estrangeiros não convidados” para alcançar uma nação mais “homogénea” através de um controlo de fronteiras mais apertado e a suspensão do direito de asilo, via “lei de emergência”.

O Partido da Liberdade também apela ao fim das sanções contra a Rússia, critica fortemente a ajuda militar ocidental à Ucrânia e quer retirar-se da iniciativa europeia Sky Shield — um sistema europeu integrado de defesa aérea promovido pela Alemanha.

Kickl também criticou “as elites” de Bruxelas e defendeu o regresso de alguns poderes da União Europeia (UE) para a Áustria. No entanto, a sua possível designação como chanceler não é dada como garantida.

Nada garantido

Para ser o próximo líder do executivo austríaco, Kickl terá que conseguir um parceiro de coligação para alcançar uma maioria na câmara baixa do parlamento, tendo os oponentes rejeitado já trabalhar com Kickl no Governo.

“Os eleitores manifestaram-se. A mudança é desejada no nosso país”, disse o secretário-geral do Partido da Liberdade, Michael Schnedlitz, reconhecendo que o resultado eleitoral ainda não está fechado.

O partido do chanceler Karl Nehammer, pela voz do secretário-geral Christian Stocker, reconheceu não ter conseguido a vitória, mas sublinhou que recuperou de sondagens que anteviam resultados mais baixos e reiterou a recusa do partido em coligar-se com a extrema-direita.

“Esse era o caso ontem, é o caso hoje e será o caso amanhã”, frisou.

Mais de 6,3 milhões eleitores com 16 anos ou mais puderam participar no escrutínio deste domingo e escolher a composição do parlamento austríaco.

O FPÖ faz parte do grupo Identidade e Democracia (ID) no Parlamento Europeu, que agrega uma parte das forças políticas de extrema-direita dos países da União Europeia, inclusive o Chega. No entanto, estará “bastante à direita” do partido liderado por André Ventura.

“Do que posso perceber [do FPÖ], é bastante para a direita do Chega e tem exigências muito diferentes”, confessa à rádio Observador José Manuel Fernandes.

“Hoje escrevemos juntos um pedaço de história”, disse o líder de 55 anos aos simpatizantes, em Viena: “Abrimos uma porta para uma nova era.”

“Voltamos à participação muito forte deste partido na política austríaca. Com probabilidades de chegar ao Governo — ainda tendo de liderar uma coligação governamental — acabará por constituir mais uma dor de cabeça para as instituições europeias“, acredita Filipe Vasconcelos Romão, em análise na Antena 1.

ZAP // Lusa

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5 Comments

  1. Não entendo qual é o problema de ser a extrema-DIREITA. Quando é a esquerdalhada, todos batem palmas, achando que a esquerda será, alguma vez, benéfica para qualquer país do mundo, o que não é real.
    Não tenho grande conhecimento de causa em relação a alguns países, mas em Portugal, é uma miséria. Espero que a Direita continue a travar as suas lutas e que consiga derrubar os ideais comunistas/socialistas…

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  2. Mas muitos mais Países vão ter os Partidos de Extremos seja direita ou esquerda a ganhar e culpa disso são os Partidos que dão Liberdade demais e querem a todo o custo inundar os Países com imigração ilegal ou em demasia

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