Extrema-direita ganha força na Alemanha. AfD pode duplicar representação nas Europeias

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AfD /Twitter

Alice Elisabeth Weidel, co-presidente do partido Alternativa para a Alemanha (AfD)

A menos de um ano das eleições europeias, a ascensão do AfD e outros da extrema-direita europeia coloca em causa o “cordão sanitário” no Parlamento Europeu (PE) contra formações radicais.

Em alta nas sondagens, embalado por sucessos eleitorais locais e a celebrar uma convenção para preparar as eleições europeias de junho de 2024, o Alternativa para a Alemanha (AfD) pode duplicar a sua representação no PE no próximo ano. Com as sondagens a nível nacional a darem cerca de 20% por cento das intenções de voto à força de extrema-direita, o partido conta passar dos atuais nove eurodeputados para 20.

Considerado um partido “eurocético moderado” aquando da sua criação, há 10 anos, o AfD é hoje assumidamente contra o projeto europeu. Durante a convenção que decorre em Magdeburgo a co-líder da formação, Alice Weidel assumiu como objetivo do partido, a nível europeu, “esvaziar o pântano de corrupção” em Bruxelas.

Sustentando que a União Europeia (UE) é “profundamente antidemocrática”, Weidel declarou que “o que é necessário é uma Europa de pátrias”, o “reforço dos Estados-nação” e a construção de uma “Europa fortaleza”, blindada contra migrantes e requerentes de asilo.

Extrema-direita cresce na Europa

A popularidade de que goza hoje o AfD na Alemanha está, no entanto, longe de ser um caso isolado na UE, e, na convenção que decorre em Magdeburgo, o partido aprovou o ingresso na aliança radical de direita Identidade e Democracia (ID), que inclui várias forças de extrema-direita da Europa, tais como o Partido da Liberdade da Áustria (FPO) — no topo das sondagens com vista às eleições nacionais que se realizarão também em 2024 —, a União Nacional francesa de Marine Le Pen e a Liga italiana de Matteo Salvini.

Além do ID, que tem hoje 65 eurodeputados, outra bancada do Parlamento Europeu, a do Grupo dos Conservadores e Reformistas (ECR, na sigla em inglês), que tem 62 eurodeputados, acolhe no seu seio formações de extrema-direita como os Irmãos de Itália, de Giorgia Meloni, o partido ultraconservador polaco Lei e Justiça de Mateusz Morawiecki — ambos no poder —, e ainda os espanhóis do Vox.

O ID e o ECR são inclusive as quinta e sexta forças políticas do Parlamento Europeu, atrás de PPE, S&D e Renovar (Liberais) e ainda dos Verdes.

Numa altura em que a extrema-direita já está no poder em vários países, à cabeça do governo ou como parceiros vitais, como sucede na Suécia e na Finlândia, de acordo com as mais recentes sondagens o ECR pode subir para os 82 deputados e o ID para os 72 na próxima legislatura, enquanto PPE, S&D e Liberais manteriam, entre si, a maioria absoluta no Parlamento Europeu. Resta saber se esta ‘aliança informal’ entre as três formações é para manter.

“Cordão democrata” vai aguentar-se?

Tal como já se debate, a nível interno na Alemanha, até que ponto subsistirá o ‘cordão sanitário’ formado pelas forças políticas democratas para evitar qualquer aproximação da extrema-direita a posições de poder, também a nível europeu começa a levantar-se a questão sobre até quando as três principais forças democratas — os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE), os Socialistas Europeus e os Liberais – manterão a sua unidade na rejeição de alianças de qualquer tipo com a extrema-direita.

A questão coloca-se designadamente ao PPE, a maior família política europeia, de centro-direita, em cujo seio há diferentes correntes de pensamento, e cujo líder, Manfred Weber, tem dado sinais de alguma aproximação ao ECR e a Meloni.

Contudo, e face à controvérsia já em curso sobre possíveis alianças com forças radicais, Weber já garantiu que o grande inimigo do PPE na campanha para as eleições europeias de 2024 é o AfD, mas não rejeita pactos com o ECR.

Outra figura de peso desta família política, o sucessor de Silvio Berlusconi como líder do Forza Italia, Antonio Tajani, atual ministro dos Negócios Estrangeiros italiano no governo de coligação de direita e extrema-direita, e antigo presidente do Parlamento Europeu, já garantiu que é “impossível qualquer acordo” do PPE com o AfD ou com “o partido da senhora Le Pen”. Isto apesar de, a nível nacional, ser parceiro de coligação do eurocético Salvini, do ID.

// Lusa

1 Comment

  1. Uma boa notícia para a República Federal da Alemanha (RFA) e os Alemães que têm uma força política que os representa e trabalha em nome do Interesse Nacional e Soberania.
    Infelizmente em Portugal não existe alternativa, um País e um Povo ao deus-dará, sequestrados pelos liberais/maçonaria (PS, CDS, PCP, PEV, IL, L, CH, BE, PAN, PSD).

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