A antiga agente da CIA Sabrina de Sousa abandonou Itália, onde se encontrava a cumprir uma pena de trabalho comunitário, por temer pela vida. Vai regressar aos Estados Unidos.
Em declarações ao jornal italiano Corriere Della Sera, a ex-espia, que tem nacionalidade portuguesa e norte-americana, afirmou que decidiu sair de Itália depois do Secretário de Estado Mike Pompeo e a diretora da CIA Gina Haspel terem ido a Roma numa visita oficial este mês.
“Fiquei aterrorizada pelas consequências que poderia enfrentar. A chegada de Haspel a Itália veio confirmar ao Governo italiano que a Administração norte-americana lavou as mãos no meu caso. A última vez que um diretor da CIA, John Brennan, visitou Portugal, acabei na prisão”, afirmou ao jornal italiano.
Sabrina de Sousa declarou ainda que deverá fazer novas revelações no seu caso dadas as recentes alterações do chamado Whistleblower Act – a lei norte-americana que permite, segundo explica o semanário Expresso, a proteção de denunciantes que expõem informações secretas.
Em 2017, uma juíza concedeu a Sabrina de Sousa a liberdade condicional para substituir a prisão onde ela deveria permanecer por três anos. Agora, alguns meses depois, a ex-espia preferiu violar as suas obrigações e regressar aos Estados Unidos. A Itália poderá pedir a sua prisão nos Estados Unidos e a subsequente extradição.
Sabrina de Sousa cumpria uma pena de trabalho a favor da comunidade, pelo rapto do clérigo radical islâmico Abu Omar, em 2003. Foi a única operacional da CIA condenada no caso.
A ex-agente da CIA, detida em 2015 em Portugal ao abrigo de um pedido de extradição para Itália, foi libertada em março de 2017 por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, após o Presidente italiano, Sergio Mattarella, ter concedido um perdão de um ano à pena de quatro anos de prisão aplicada a Sabrina de Sousa, em julgamento à revelia, pelo rapto do clérico radical.
O Tribunal da Relação de Lisboa determinou que Sabrina de Sousa fosse “colocada imediatamente em liberdade”, por solicitação das autoridades transalpinas, uma vez que, pela lei italiana, as penas até três anos podem ser substituídas por trabalho a favor da comunidade.
A diminuição da pena de prisão levou o procurador de Milão, titular do processo de Sabrina de Sousa, a revogar o Mandado de Detenção Europeu, cancelando a extradição da ex-agente da CIA.