EUA atacam 85 bases iranianas na Síria e no Iraque. Irão “não tem medo” de uma guerra

Ron Sachs/EPA

Joe Biden

A tensão está a subir no Médio Oriente, com os Estados Unidos a levarem a cabo ataques com drones em 85 instalações da Guarda Revolucionária do Irão.

Os Estados Unidos bombardearam esta sexta-feira mais de 85 alvos e instalações ligadas à Guarda Revolucionária do Irão e a grupos pró-iranianos no Iraque e na Síria, em resposta ao ataque da semana passada que matou três militares norte-americanos.

O Comando Central do Exército dos Estados Unidos (Centcom) detalhou hoje que a operação aérea ocorreu às 16:00 (21:00 em Lisboa), e utilizou mais de 125 munições de precisão.

Entre os locais atacados estão centros de comando e inteligência, bem como infraestruturas de armazenamento de ‘drones’ e mísseis pertencentes a milícias e forças iranianas “que permitiram ataques contra forças norte-americanas e da coligação”.

Duas fontes de segurança iraquianas adiantaram à agência France-Presse (AFP) que um dos alvos foi “um quartel-general das fações armadas na área de Al-Qaïm, perto da fronteira com a Síria com um armazém de armas ligeiras”.

Um segundo ataque, na região de Al-Akachat, mais a sul e ainda perto da fronteira, teve como alvo um centro de comando das operações de Hachd al-Chaabi, uma coligação de antigos paramilitares que reúne estas fações pró-Irão, frisou uma das fontes.

Um responsável do Hachd al-Chaabi, que também falou sob a condição de anonimato, confirmou estes dois bombardeamentos, assegurando que o ataque de Al-Akachat causou feridos.

Washington respondeu desta forma ao ataque de domingo na Jordânia, perto da fronteira com a Síria, perpetrado por milícias pró-Irão e no qual morreram três soldados norte-americanos e outros 40 ficaram feridos.

Desde meados de outubro, mais de 165 ataques de ‘drones’ e ataques de foguetes tiveram como alvo soldados norte-americanos destacados numa coligação internacional antijihadista no Iraque e na Síria.

Reivindicados na sua maioria por combatentes de grupos pró-Irão que se autodenominam “Resistência Islâmica no Iraque”, estes ataques ocorrem num contexto de escalada de tensões na região, tendo como pano de fundo a guerra em Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.

Na reação aos bombardeamentos, o Iraque descreveu o ataque dos EUA como uma “violação da soberania iraquiana” que pode ter “consequências desastrosas” para toda a região.

“Estes ataques aéreos constituem uma violação da soberania iraquiana, enfraquecem os esforços do governo iraquiano e representam uma ameaça que pode levar o Iraque e a região até consequências desastrosas”, declarou Yahya Rasool, porta-voz do primeiro-ministro iraquiano.

A resposta dos Estados Unidos surge um dia após o chefe da Guarda Revolucionária do Irão ter dito publicamente que o país não tem medo de uma guerra.

“Nós ouvimos algumas ameaças de responsáveis norte-americanos sobre atacar o Irão. Nós dizemos que vocês nos testaram e nós nos conhecemos uns aos outros. Nós não deixamos nenhuma ameaça sem resposta e nós não estamos à procura de uma guerra, mas não temos medo dela“, afirmou o general Hossein Salami,

ZAP // Lusa

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