Etiópia suspende e acusa grupos de ajuda humanitária de “espalharem desinformação”

nesimo / Flickr

Médicos Sem Fronteiras (MSF)

O governo da Etiópia suspendeu o trabalho de duas organizações de ajuda internacional por três meses, incluindo na região de Tigray – alvo de um conflito desde o fim de 2020 -, acusando-as de espalharem informações incorretas.

O Etiópia Current Issues Fact Check, um site do governo com enfoque em Tigray, acusou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Conselho Norueguês de Refugiados (NRC) de violarem várias regras, avançou esta sexta-feira o Guardian. Ambas as organizações informaram que estão em negociações com o governo para a retomada dos trabalhos.

Em comunicado, a MSF indicou que a proibição se aplica às atividades da sua seção holandesa nas regiões de Tigray, Gambella, Amhara e Somália. “O acesso à saúde nessas regiões já é limitado e o impacto de uma redução adicional nos serviços, devido a uma suspensão forçada, terá consequências terríveis para as pessoas que estamos a ajudar, incluindo cidadãos etíopes e comunidades de refugiados hospedadas na Etiópia”, disse.

A MSF foi também acusada pelo governo etíope de importar ilegalmente equipamento de rádio por satélite e, junto com o NRC, levar para o país trabalhadores estrangeiros sem as devidas autorizações. Em junho, a organização havia suspendido o trabalho em determinadas zonas de Tigray após três dos seus funcionários serem mortos na região.

Esta semana, o subsecretário-geral para Assistência Humanitária das Nações Unidas, Martin Griffiths, rejeitou as alegações do governo etíope de que os grupos humanitários tendiam a favorecer as fações políticas de Tigray.

Em comunicado, o NRC indicou que ajudou 585.000 pessoas em seis regiões do país em 2020, enquanto a MSF revelou que suas as equipas de saúde forneceram 220.000 consultas no ano passado.

Taísa Pagno //

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