Os poluentes atmosféricos entram no nosso corpo pela pele

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Um estudo norte-americano mostrou que certos poluentes podem entrar no nosso corpo, não só através do ar que respiramos, mas também a partir da nossa pele.

Todos sabemos que, em áreas muito poluídas, devemos evitar inalar quaisquer tipo de toxinas presentes no ar. Porém, um novo estudo, publicado na Environmental Health Perspective, revelou que alguns poluentes atmosféricos, chamados de ftalatos, podem ser igualmente absorvidos pela nossa pele, tal como se os estivéssemos a respirar.

Os ftalatos são um grupo de produtos químicos “semi-voláteis”, geralmente usados ​​para tornar o plástico mais flexível, mas também funcionam como agentes de dissolução para outro tipo de materiais.

Encontrados em todo o tipo de cosméticos, fragrâncias e em produtos de limpeza, esta substância deriva do petróleo e estima-se que sejam produzidos cerca de dois milhões de toneladas por ano a nível mundial.

Desta forma, entrar em contacto com este material é bem mais fácil do que pensávamos. Como afirma John Kissel, responsável pelo estudo e professor na Universidade de Washington, é como se a nossa pele fosse uma esponja que absorve estes poluentes.

Classificados como “disruptores endócrinos”, os ftalatos afetam o nosso sistema hormonal e podem estar presentes no nosso corpo a partir do sangue, da urina e até mesmo do leite materno.

Kissel e a sua equipa de investigação queriam perceber este efeito da “absorção dérmica”, por isso, através de uma amostra de seis voluntários saudáveis do sexo masculino, expuseram-nos a uma área com concentrações elevadas de dois tipos de ftalatos: ftalato de dietilo (DEP) e di (n-butil) ftalato (DNBP).

Os seis voluntários foram expostos aos produtos químicos durante um período de 6 horas, numa câmara especial. Primeiro, usaram máscaras de respiração especializadas que os impediu de inalar qualquer um dos ftalatos, e, posteriormente, foram para outra câmara sem essas mesmas máscaras.

Além de só poderem usar calções de banho durante essa exposição, os voluntários também foram proibidos de usar qualquer produto de higiene pessoal doze horas antes de entrar nas câmaras e a urina só foi recolhida 66 horas depois.

A equipe descobriu então que a absorção do DEP através da pele foi de quase 10% mais elevada do que por inalação. Também a absorção de DNBP foi de 82% superior.

A amostra é pequena mas os investigadores querem continuar a estudar este fenómeno, também para perceber como esta absorção pode afetar a nossa saúde. O estudo relacionou certos resultados a doenças como alergias, asma e até cancro da mama, fatores que necessitam ainda de ser testados.

Por isso mesmo, em vários países europeus, assim como nos Estados Unidos, os ftalatos já estão a ser proibidos, embora ainda não haja uma regulação bem definida.

HypeSience

1 Comment

  1. Pois vou informar-vos onde podem encontrar disruptores endócrinos, que tocamos todos os dias e que ninguém se apercebe: os talões das máquinas registadoras. Bastam dois segundos de toque para permanecer na pele e ser absorvido depois. Pior mesmo se vamos tocar em comida e levar os dedos à boca…
    Pesquisem.

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