Cientistas descobrem espécie “estranha” de borboleta escondida há 40.000 anos

MacDonald et al.

As borboletas do Parque Waterton Lakes, do Canadá, não são apenas independentes dos seus familiares — são uma nova espécie, completamente diferente, com um linhagem só delas.

Era considerada parte da espécie Half-moon Hairstreak (Satyrium semiluna). Agora, os cientistas perceberam que esta bizarra borboleta castanha e peluda pertence afinal a uma espécie totalmente distinta, da qual se conhecem poucos exemplares. Chamaram-lhe Satyrium curiosolus, ou borboleta-fio-preto-curiosamente-isolada.

Segundo avança a SciTechDaily, esta borboleta solitária provavelmente está isolada dos seus parentes mais próximos há cerca de 40.000 anos, tendo desenvolvido gradualmente características genéticas e ecológicas distintas.

Esta espécie foi encontrada no Canadá, no Parque Nacional Waterton Lakes, em Alberta.

“O sequenciamento completo do genoma da S. curiosolus revelou uma diversidade genética surpreendentemente baixa e níveis excecionalmente elevados de consanguinidade histórica em comparação com as populações de S. semiluna geograficamente mais próximas na Colúmbia Britânica e Montana, a mais de 400 km de distância”, explica Zac MacDonald, um dos autores do novo estudo sobre esta espécie, publicado em abril na ZooKeys.

Estabeleceu portanto uma linhagem própria. “Assim como a raposa das Ilhas Channel, S. curiosolus pode ter eliminado algumas de suas variações genéticas recessivas prejudiciais por meio de uma longa e gradual história de consanguinidade, permitindo que persistisse como uma população pequena e completamente isolada até hoje”, explica o investigador.

o problema, explicam os cientistas, é que, por ter passado muito tempo isolada, esta espécie possui uma diversidade genética muito baixa, o que significa que a espécie tem um potencial reduzido de adaptação às mudanças climáticas. 

O reconhecimento do S. curiosolus como espécie destaca a sua trajetória evolutiva única e enfatiza a necessidade urgente de estratégias de conservação personalizadas, explica a SciTechDaily.

“A descoberta da S. curiosolus é uma demonstração poderosa de como a genómica está a revolucionar a taxonomia e a conservação”, comentou o coautor Julian Dupuis.

“Enquanto os métodos taxonómicos tradicionais muitas vezes dependem apenas da morfologia, o nosso estudo ressalta a importância de integrar dados genómicos e ecológicos para revelar a diversidade oculta. Com o surgimento de ferramentas genómicas, espécies anteriormente desconhecidas, como a S. curiosolus, estão a ser descobertas, destacando a necessidade de estratégias de conservação que tomem em consideração a biodiversidade críptica”, conclui.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.