Escolas preocupadas com possível extensão da semana de contenção e adiamento do 2º período

Os responsáveis escolares e dirigentes sindicais estão preocupados com os efeitos de um eventual novo adiamento do regresso às aulas no calendário escolar e do desgaste de alunos e professores.

Já há algum tempo que se sabia que a semana de contenção em Janeiro também se aplicaria às escolas, mas a comunidade está preocupada com a possibilidade desta fase se estender a acabar por voltar a adiar o início do 2º período, depois de António Costa não ter descartado a ideia.

Segundo o DN, só se vai ter a confirmação a 5 de Janeiro, depois da reavaliação da situação epidemiológica do país. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), espera que as aulas recomecem já no dia 10. “Já chega de adiamentos e de mudanças no calendário escolar por culpa da sociedade. Quando a sociedade não tem juízo a escola é que paga e era muito mau se essa fosse a solução”, considera.

Mesmo assim, o responsável da ANDAEP lembra que “as escolas estão preparadas para o ensino remoto de emergência”. “Estamos mais bem preparados do que no passado. Estamos melhor, quer em meios, quer em conhecimentos. As escolas estão preparadas para essa possibilidade até porque, no 1.º período, quase todas tiveram turmas em confinamento”, afirma, reforçando que se deve evitar o “constrangimento”.

O calendário também não pode ser alterado. “Se optarem por mais uma semana em casa, até dia 14, onde se vão recuperar mais cinco dias úteis de aulas durante o 3.º período? No 2.º período já não há hipótese”, diz, e lembra que é “impensável” prolongar o 3.º período porque levaria à “exaustão de alunos e professores.

Já Jorge Ascenção, dirigente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) acha que um novo adiamento das aulas “não faz sentido” com a vacinação e que as “escolas não são o problema“. “Em termos de saúde mental, é o sector mais prejudicado. As classificações de surto, por vezes apenas com um caso positivo numa turma, levam a conclusões erradas”, alerta.

Já Mário Nogueira, dirigente sindical da Fenprof, lembra que o “2.º período é o mais exigente para professores e alunos” e que há preocupações “do ponto de vista pedagógico” e com o desgaste do “corpo docente envelhecido“. “É verdade que nós estamos ainda a viver um tempo de pandemia. Se não houvesse pandemia, não faria sentido nenhum alterar o calendário escolar, mas é preciso cuidado para não fecharmos as escolas por dois meses”, recomenda.

O coordenador do Sindicato de Todos os Professores (S.T.O.P), André Pestana, também está preocupado com o efeito de um eventual adiamento. “Se houver novo prolongamento pelo verão dentro será uma medida errada. Mais uma vez, as aulas não são trabalho de fábrica que se pode compensar. A classe docente é das mais envelhecidas da Europa e temos muitos professores à beira de burnout“, lembra.

ZAP //

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