Uma equipa de cientistas ensinou células cerebrais humanas a jogar o videojogo “Pong”. Estes mini-cérebros aprenderam melhor do que Inteligência Artificial.
Originalmente desenvolvido por Allan Alcorn e lançado em 1972 pela Atari, Pong é um dos primeiros jogos de computador do mundo. Ao estilo do ténis, o jogo baseia-se em duas plataformas e uma bola, sendo que o objetivo é fazer com que o adversário falhe a bola.
O videojogo tem tanto de divertido como de simples — mas talvez nunca esperássemos ver células cerebrais humanas a jogar. Para ter uma ideia daquilo que é o Pong, pode jogar aqui.
A equipa de investigadores que levou a cabo a experiência ensinou células cerebrais vivas numa placa de Petri a jogar Pong quando colocadas no que descrevem como um “mundo de jogo virtual”.
Esta é a primeira vez que mini-cérebros conseguiram realizar tarefas direcionadas com objetivos, diz o autor principal do estudo, Brett Kagan, citado pela New Scientist.
“Achamos que é justo chamá-los de cérebros ciborgue”, atirou Kagan. Cada placa tem entre cerca de 800.000 e 1 milhão de células cerebrais vivas — aproximadamente o equivalente a um cérebro de barata.
Mas como é que os investigadores conseguiram ensinar um conjunto limitado de células numa placa de Petri a jogar um videojogo?
A resposta é algo mais complicada do que o Pong. Um sinal é enviado para a direita ou esquerda da matriz para indicar onde é que a bola está, e os neurónios das células cerebrais enviam sinais de volta para mover a plataforma.
Estes mini-cérebros criados em laboratório ainda estão numa fase embrionária e, por isso, ainda não conseguem competir com humanos. Mas o surpreendente é que conseguiram aprender mais rápido do que Inteligência Artificial, realçam os autores.
“O aspeto fantástico é a rapidez com que aprende, em cinco minutos, em tempo real. Isto é realmente uma coisa incrível que a biologia pode fazer”, sublinha Kagan.
Kagan diz ainda que os investigadores “… muitas vezes se referem a eles [mini-cérebros] como estando a viver na Matrix”, uma vez que quando estão no jogo, “acreditam que são a plataforma”.
O estudo foi pré-publicado, no início deste mês, no repositório aberto bioRxiv.