Uma empresa de NFTs está a tentar comprar a Amazónia. A ideia é que o dinheiro dos investidores reverta para projetos locais sustentáveis e aquisição de novas terras.
A desflorestação é um tema constantemente debatido em fóruns internacionais, dada a sua importância para o nosso planeta. A situação da Amazónia, mais especificamente, atrai olhares atentos de ativistas climáticos e cientistas; não é para menos.
A batalha contra a desflorestação pode ganhar uma nova dimensão. Atualmente, as agências governamentais são as responsáveis por tentar travar os interesses económicos das empresas na exploração da floresta amazónica. No entanto, tudo pode mudar se uma empresa chamada Nemus levar a sua ideia avante.
A empresa, criação de Flávio de Meira Penna, brasileiro nascido nos Estados Unidos, quer adquirir mais de 40 mil hectares de floresta amazónica no município de Pauini, nos Amazonas.
A Nemus está a vender tokens não fungíveis (ou NFTs) correspondentes a lotes individuais de terra para compradores, chamados de “guardiões”, que na realidade não possuem o território, mas cujo investimento reverte para projetos locais sustentáveis e aquisição de novas terras.
A ideia utópica de Penna é formar um “cinturão protetor” que se espalhe pelos estados amazónicos do Acre, Amazonas e Pará.
“Temos a tendência para pensar que é desflorestação institucionalizada, mas não é”, alerta Penna, de 67 anos, em entrevista à VICE.
“É uma espécie de processo vicioso de destruição gradual, muito difícil de reverter, a menos que seja feito dramaticamente, com uma alternativa significativa e solução económica viável”, disse ainda Penna. “Se eu conseguir implementar negócios da vida real e alavancar isso com as redes sociais e o potencial financeiro das criptomoedas, será um sucesso”.
O caminho está longe de ser um mar de rosas. Burocracia, regulamentação de propriedade de terras mal projetada e reação das comunidades indígenas locais que estão reivindicar parte da terra que a Nemus está a tentar adquirir como sua são alguns dos problemas que o projeto tem enfrentado.
A empresa sofreu um sério percalço esta semana. As comunidades locais apresentaram uma denúncia ao Ministério Público Federal, que sugeriu à Nemus que parasse de vender NFTs e obedecesse às exigências internacionais de consultar os povos indígenas.
Penna insiste que o seu projeto é bem intencionado, apesar do ceticismo demonstrado por alguns peritos legais consultados pela VICE.
O empresário argumenta que 96,5% das receitas provenientes das vendas de NFTs vão diretos para a causa.