Em França, cheirar mal era um sinal de saúde (e vigor)

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Há um século, em França, cheirar mal era sinal de saúde e vitalidade sexual. Mas os tempos mudam e hoje qualquer francês quer ter a melhor eau de parfum.

No século XIX e início do século XX, muitos franceses viam a sujidade e o odor corporal como algo natural e até benéfico.

Como dissertou o historiador Steven Zdatny, num artigo no JSTOR Daily, os franceses raramente se lavavam, considerando a sujidade como protetora e o suor como purificador.

O odor corporal forte não era mal visto, mas sim considerado um sinal de saúde e vitalidade sexual.

A mudança começou com esforços educacionais. As escolas começaram a “lecionar a higiene”, ainda que a um ritmo lento, conta Steven Zdatny.

Outro impulso significativo veio do exército, especialmente após a derrota da França na guerra franco-alemã de 1870-71. Os oficiais há muito que se preocupavam com a falta de práticas higiénicas dos recrutas. Para combater isso, o exército instalou canalizações nas casernas e educou soldados sobre higiene básica.

No entanto, estas mudanças de atitude teriam sido inúteis sem infraestruturas. Como parte de um impulso mais amplo, os responsáveis começaram a construir sistemas de esgotos e saneamento.

Apesar da resistência inicial devido aos custos, estas mudanças levaram a benefícios de saúde inegáveis, incluindo um declínio de 64% na taxa de mortalidade infantil, entre 1901 e 1948.

Mudança com impacto mundial

Em França, o pós-Segunda Guerra Mundial em França trouxe um novo impulso para a limpeza, ajudado por um ‘boom’ de construção que resultou em mais habitações com casas de banho.

O período também testemunhou uma afluência de publicidade a promover produtos de higiene, desde toalhitas a desodorizantes, bem como um aumento de incentivos para a compra de eletrodomésticos, como máquinas de lavar roupa.

Todo este esforço conjunto mudou drasticamente a atitude em relação à higiene… não apenas em França… mas mundialmente.

Miguel Esteves, ZAP //

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