Eleições em França: Dia D para a democracia e futuro da Europa

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Elmikelet / Wikimedia

Arco do Triunfo em Paris, França

Os franceses são chamados a votar em legislativas antecipadas, este domingo, numas eleições que deverão ser marcadas pela subida da extrema-direita e que podem mergulhar França e a Europa num cenário de instabilidade.

A taxa de participação nas eleições legislativas francesas registava um forte aumento às 12h00 locais na França continental (11h00 em Lisboa), atingindo 25,90%, contra 18,43% à mesma hora em 2022.

As legislativas, que deveriam acontecer apenas em 2027, foram convocadas de forma surpreendente pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, após a derrota do seu partido (Renascimento) e a acentuada subida da União Nacional (RN, de extrema-direita), nas eleições para o Parlamento Europeu de 9 de junho.

Caso nenhum partido consiga mais de 50% dos votos (ou seja, pelo menos 289 eleitos, para os 577 lugares da Assembleia Nacional) – um cenário provável -, haverá uma segunda volta, já marcada para o próximo domingo, dia 7 de julho.

As mais recentes sondagens, publicadas na sexta-feira, último dia de campanha eleitoral, davam conta de uma subida da extrema-direita, que poderá obter 37% dos votos, juntamente com os seus aliados conservadores.

Em segundo lugar, a nova Frente Popular, que reúne os partidos de esquerda, obteria 28% dos votos. Já a maioria cessante do Presidente francês acentuaria a sua queda, situando-se nos 20%.

Os Republicanos (LR), o partido tradicional de direita, registou uma cisão liderada pelo presidente, Éric Ciotti, que se aliou a Marine Le Pen e a Jordan Bardella, do RN.

Cenário de instabilidade iminente

Se a vitória da extrema-direita nestas eleições parece certa, já o cenário pós-eleições gera mais dúvidas: caso não haja maiorias claras e se os partidos falharem acordos para uma coligação governamental, pode verificar-se um impasse, uma situação inédita em França.

Um cenário que poderia prolongar-se até julho de 2025, já que Macron não poderia voltar a convocar eleições legislativas no período de um ano.

Caso outras forças políticas consigam formar governo, instala-se um regime de ‘coabitação’, em que o executivo pode implementar as suas propostas, eventualmente desviando-se da política do Presidente.

Mesmo desafiado por Marine Le Pen a demitir-se caso a extrema-direita vença as eleições, Macron já garantiu que o seu mandato é para cumprir até ao fim, em maio de 2027.

Futuro da democracia e da Europa em jogo

A embaixadora de França em Portugal, Hélène Farnaud-Defromont, considera as eleições legislativas francesas antecipadas “muito importantes para a democracia” do país e para “o futuro da Europa”, prevendo uma alta participação de eleitores.

“Estas eleições são muito importantes para democracia francesa, para o futuro do país e para o futuro de Europa”, salientou a diplomata no Liceu Francês Charles Lepierre de Lisboa, onde decorre o ato eleitoral da primeira volta na capital portuguesa.

De acordo com Hélène Farnaud-Defromont, mais de um terço dos cerca de 20.000 inscritos nos cadernos eleitorais, em Portugal, já votou através da Internet.

“A votação presencial decorre em Lisboa, Porto e Vilamoura. (…) Haverá uma segunda volta e o voto eletrónico será possível nos dias 3 e 4 de julho e o voto presencial será no próximo domingo, 7 de julho”, recordou, indicando que “a mobilização é mais alta hoje do que em 2022”.

Hélène Farnaud-Defromont, que votou através da Internet, disse no Liceu Francês que “todos dos franceses estão conscientes” da importância destas eleições que serão marcadas pela subida da extrema-direita e que podem mergulhar França num cenário de instabilidade.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. O titulo parece querer dizer que existe um voto certo e outro errado, não que a voz do povo é soberana.. (seja qual for a escolha)

    Enfim

    É ver senão censuram este comentário

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  2. Mas, para que há eleições? Só pode ganhar a esquerda, não pode haver alternância de poderes. Euopa em perigo? Porquê?

  3. A maioria dos comentadores falha por não ter percebido que a direita deixou de ser burguesa para incluir um número crescente de pessoas da classe média baixa e até de proletários. Por isso está em ascensão por todo o lado e por isso não pode ser classificada de “extrema direita”. Pode ser que o seu sucesso consiga pôr um fim à desastrosa intervenção da Europa na guerra na Ucrânia.

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