Mulher e os dois filhos foram mantidos em cativeiro durante 17 anos, em Guaratiba. Suspeito disse às autoridades que “os filhos eram doentes mentais e precisavam de estar presos”.
Uma mãe e dois filhos foram mantidos em cativeiro pelo pai da família durante 17 anos, e Guaratiba, no Brasil. A casa não tinha água canalizada, estava sem paredes e o chão era só de cimento.
“O ambiente da casa é um horror. Um imóvel simples, quase em móveis, sujo e com mau cheiro”, descrevem as autoridades brasileiras.
As vítimas, a mãe e os dois filhos, foram resgatadas esta quinta-feira e encontravam-se desnutridos e gravemente desidratados, segundo o jornal O Globo.
A mulher disse à polícia que sentia “dor” na vista, depois de ter saído de casa e visto a luz do sol pela primeira vez em quase duas décadas.
“Nós oferecemos água, perguntei se ela tinha comido alguma coisa e se queria comer. Ela disse que não. Dizia ‘não, não, eu não posso comer, ele não nos deixa comer sem autorização dele‘”, contou o capitão William Oliveira.
As autoridades tentaram explicar às vítimas que já “estavam em liberdade” e que o homem tinha sido “preso”, mas a mulher continuou a recusar-se a comer.
Os filhos — um rapaz com 19 anos e uma rapariga com 22 — estavam amarrados e sujos quando foram resgatados, com a “aparência de criança”.
“Os dois jovens estavam agitados. Balbuciavam e debatiam-se muito. A situação foge da realidade. Difícil de compreender. Recebemos uma denúncia anónima de que uma família estava a ser mantida em cárcere privado“, revelou William Oliveira, que acrescentou ainda que existiam “fezes no local”.
“Inicialmente, pensávamos que eram crianças, tal era o nível de desnutrição da rapariga e do rapaz”, sublinhou o capitão.
As vítimas foram levadas para o Hospital Municipal Rocha Faria, no Rio de Janeiro, e estão agora a receber os cuidados médicos necessários, bem como acompanhamento psicológico e dos serviços sociais.
O suspeito afirmou à polícia brasileira que “os filhos eram doentes mentais e precisavam de estar presos”. O homem, que tem entre 45 e 50 anos, foi acusado em flagrante delito pelos crimes de tortura, cárcere privado e maus-tratos.