Estudo examinou o impacto de estar sempre ao telemóvel na cama. O cronótipo e o jetlag social fazem a diferença.
“Vou dormir. Não. Vou para a cama, mas ainda não vou dormir: tenho coisas para ver no telemóvel”.
A tendência de olhar para um ecrã nos últimos minutos (ou horas) do dia já existia: olhávamos para a televisão, ficávamos a jogar, escrevíamos mensagens no telemóvel.
Mas, a partir do momento em que o telemóvel passou a ser um ponto de acesso à internet, o vício de olhar para um ecrã antes de dormir multiplicou-se por milhões de casos.
Um estudo publicado no Journal of Affective Disorders examinou o impacto de estar sempre ao telemóvel na cama. E focou-se nas consequências emocionais para os adolescentes – que utilizam imenso o telemóvel.
Os autores do estudo centraram-se em dois factores essenciais: o cronótipo e o jetlag social.
Explicando os dois conceitos. O cronótipo é o ritmo, o relógio biológico; a predisposição natural que cada pessoa tem de sentir picos de energia ou cansaço, de acordo com a hora do dia. A nível mais científico, é a sincronização dos ritmos circadianos – ciclo fisiológico de aproximadamente 24 horas.
O jetlag social é a diferença, não entre horas, mas o desalinhamento entre os ritmos biológicos e os ritmos sociais da pessoa em causa.
A análise envolveu cerca de 4 mil adolescentes na China, que indicaram se ficam, e quando tempo ficam, ao telemóvel antes de dormir.
Quem fica mais tempo ao telemóvel antes de dormir, tem tendência para ter um cronotipo mais tardio e para experimentar maior jetlag social.
São os dois factores já mencionados, que aumentam o risco desses adolescentes de terem problemas emocionais.
A interrupção dos ritmos circadianos surgiu como um mecanismo crucial que liga a exposição ao ecrã à psicopatologia, explica o PsyPost.
O cronotipo mais tardio origina mais dificuldades em lidar com horários sociais que começam mais cedo, compromissos matutinos no dia seguinte; os relógios biológicos e sociais tornam-se incompatíveis – o que aumentou ainda mais o jetlag social e a relação com problemas emocionais.
Os autores do estudo sublinham que é importante que os adolescentes tenham hábitos mais saudáveis no que diz respeito a ecrãs. É essencial estar atento aos seus padrões naturais de sono e ao seu bem-estar emocional.