É possível caminhar dos EUA à Rússia: estão à distância de um passo

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Google Maps

Saltitar entre pedras de gelo ou dar umas braçadas — isso é consigo. Mas saiba em que em breves 20 minutos pode avançar (ou recuar) 21 horas. Se é legal? Nem por isso. Se já foi feito? Mais do que uma vez.

A distância entre o estado norte-americano do Alaska e a costa leste da Rússia são 88,51 quilómetros. Mas isto é só uma resposta imediata. Na verdade, empiricamente, as coisas são bem diferentes.

Isto porque poucos são os que reparam num ponto chave, a meio-caminho entre as duas potências políticas que em nada são iguais. São dois pontinhos discretos num mapa: A Grande Diomede e a Pequena Diomede.

Ora, os dois “pontinhos” são na verdade duas ilhas estratégicas: a 3,5 quilómetros uma da outra, separadas por água, uma é território russo (a Grade Diomede, mais a oeste), e a outra, mais pequena, é espaço norte-americano. Localizam-se no estreito de Bering, que separa a Rússia e os EUA.

Curiosamente, por pertencerem aos dois países antípodas no que a fusos horários diz respeito, as duas ilhas têm uma diferença de horário de 21 horas. Ou seja, estão geralmente em dias diferentes do calendário, exceto durante 3 horas.

Mais curioso ainda é que é possível caminhar de uma ilha à outra — ou seja, dos EUA até à Rússia — num passeio de 20 minutos. Mas só em certos períodos do ano. Mas a caminhada é sinuosa.

De acordo com o que reporta a Angus Adventures, há uma forte corrente que flui para norte através do estreito, o que normalmente cria grandes canais de água aberta, que em certas alturas ficam “entupidos” com grandes blocos de gelo. Se saltitarmos de pedaço em pedaço, podemos então caminhar do Alaska à Rússia, e vice-versa.

Mas o estreito é muito difícil de percorrer, devido à  pouca profundidade da água, ao clima volátil e às temperaturas do mar extremamente frias.

De acordo com a página, é ilegal circular de barco no estreito de Bering. Mas há dois casos bem-sucedidos de russos que decidira fazer a travessia entre os dois países a pé.

A primeira aconteceu em 1998, e a viagem foi complicada: pai e filho vindos da Rússia acabaram por ficar presos numa massa de gelo, e andaram alguns dias à deriva, até terem sido levados pela corrente até ao Alaska. Quase morreram, mas… Mission accomplished, ou миссия выполнена!

Recentemente, em 2006, outra investida de dois homens, um britânico e um americano, fez o sentido inverso. Ao chegar à Rússia, foram deportados por terem entrado ilegalmente no país.

Seugndo a BBC, a nadadora americana Lynne Cox nadou entre as duas Diomedes (com a Grande Diomede na altura a pertencer à União Soviética) — permaneceu na água gelada por 2 horas e 16 minutos.

E, se recuarmos ainda mais no tempo, segundo conta o National Park Service, os russos foram provavelmente os primeiros comerciantes europeus a encontrar os nativos do Alasca, no século XVIII — tudo graças à esquecida proximidade entre os dois países, polos opostos na geopolítica, na cultura, no fuso horário… mas não na geografia.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

1 Comment

  1. Estão tão perto, fisicamente e ideologicamente, que o ideal seria os EUA anexarem a Russia e o problema do mundo ficava resolvido.
    Atualmente são tão semelhantes e era a única maneira de fazerem frente a uma China imparável em crescimento.
    Os amigos Trump e Putin deviam pensar nisso.

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