Drogas em garrafas de Pepsi e armas chinesas. Índia denuncia invasão de drones vindos do Paquistão

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Foram interceptados um número recorde de 90 drones perto da fronteira indiana com o Paquistão no Punjab. Para além de drogas, há dispositivos que carregam armas de assalto fabricadas na China.

Os responsáveis de segurança de fronteira da Índia estão a enfrentar um desafio sem precedentes com o crescente influxo de drones do Paquistão, uma situação que agrava a crise de drogas no Punjab e representa sérios riscos de segurança.

De acordo com a Força de Segurança de Fronteira (BSF) no Punjab, foram interceptados um recorde de 90 drones em 2023, um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Estes drones, que na sua maioria transportam ópio e heroína provavelmente originários do Afeganistão, também trazem armas fabricadas na China.

Os drones, alguns com até 2,4 metros de largura e equipados com câmeras de alta resolução, foram detetados até 12 km dentro da fronteira indiana, frequentemente com drogas em pequenos sacos ou garrafas de Coca-Cola.

A BSF acredita que estas infiltrações, utilizando tecnologia cada vez mais sofisticada, representam uma ameaça significativa à segurança, dada a história de conflitos entre os dois vizinhos armados com armas nucleares, explica o The Guardian.

O contrabando tem sido uma questão prolongada entre o Paquistão e a Índia, com vários métodos empregados ao longo dos anos. No entanto, desde o primeiro avistamento de drones no Punjab em 2019, os drones tornaram-se o principal modo de tráfico de drogas do Paquistão. A BSF estima que os drones sejam responsáveis por cerca de 60% do contrabando de drogas no estado em 2023.

Os esforços da BSF para combater esta “dominação aérea” incluem abater drones, empregar tecnologia anti-drone e recolher informações para identificar as zonas-chave onde os dispositivos são lançados. Apesar destes esforços, a força está a debater-se contra tecnologia cada vez mais avançada, com drones a voar até 1 km de altura e mini-drones quase silenciosos, ambos difíceis de detetar.

“Qualquer coisa que não tenha entrada legítima na Índia é um desafio de segurança para nós Além do uso de drones para drogas, há casos em que foram encontrados a largar armas e isso tem potencial para causar danos. Temos que estar realmente muito vigilantes”, disse Atul Fulzele, inspetor geral da BSF em Punjab.

A ameaça dos drones não é apenas uma preocupação de segurança, mas também exacerba o problema das drogas no Punjab, especialmente entre os jovens adultos. Em Attari, uma aldeia perto da fronteira, o problema é tão grave que foi estabelecido um centro especializado de tratamento de vícios.

Nirmal Singh, um oficial do exército reformado de 60 anos que vive perto de Attari, descreve como estava sentado na sua varanda quando viu um drone a aproximar-se dos seus campos. “Podíamos ver as luzes a piscar do drone. Chegou muito perto da minha casa e vi que deixou cair alguma coisa. Era uma garrafa de Pepsi que a polícia descobriu mais tarde que estava cheia de drogas“, refere.

“Estamos muito assustados com isto. Tememos que esses drones não se limitem às drogas. Se começarem a enviar armas ou explosivos, essa seria uma maneira fácil de fomentar problemas aqui”, alerta.

Com a aproximação do inverno, trazendo nevoeiro e visibilidade reduzida, há preocupações de que as atividades dos drones possam aumentar ainda mais, representando um desafio ainda maior para a segurança de fronteira indiana e o bem-estar dos residentes do Punjab.

ZAP //

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