Dois anos depois dos fogos, há mais de 200 casas excluídas do processo de reconstrução

António Cotrim / Lusa

Dois anos depois dos incêndios na zona centro do país, mais de 200 casas de primeira habitação continuam excluídas do processo de reconstrução.

Apesar de as obras estarem licenciadas, as habitações foram chumbadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e pelas câmaras municipais envolvidas, denunciou Nuno Tavares Pereira, do Movimento de Apoio às Vítimas dos Incêndios, à Renascença.  Que eu tenha conhecimento, mais de 200 habitações de primeira habitação, que estavam dentro da lei, foram chumbadas pela CCDR juntamente com as câmaras”, explica.

“O que me revolta é isso mesmo, são as pessoas que estão sem casa, crianças que estão sem casa, idosos que foram colocados no lar, que estão sem casa e que nunca vão ter casa. Isso é que nos preocupa”.

As declarações desmentem os números oficiais da CCDR. A presidente Ana Abrunhosa disse à Renascença que são 30 as casas ainda por concluir, das 822 que ficaram destruídas, acrescentando que a maioria ficará pronta ainda este ano.

“Neste momento, 96,5% das habitações estão concluídas e entregues às famílias. Destas 30 habitações, a maioria acaba no final do ano de 2019, mas haverá algumas habitações que passarão para 2020, porque estamos a falar de reconstruções totais”.

A maioria das vítimas já regressou ao seu lar, mas nem todos estão satisfeitos com as obras de reconstrução que foram feitas, de acordo com a TSF. Em Treixedo, Armando Roque falou dos reparos, dos maus acabamentos, das caleiras mal colocadas, do chão flutuante que levanta e das portas que não fecham. “Já cá vieram algumas sete vezes e elas não fecham”, lamenta.

Já a família de Pedro Varela, que reside em Treixedo, diz que a nova habitação foi entregue há um ano, mas a moradia apresenta já vários problemas. Há humidade nas paredes e a base do chuveiro mete água.

Cerca de 1.500 casas foram destruídas parcial ou totalmente pelas chamas que atingiram também centenas de empresas. Os fogos de outubro de 2017 causaram 50 vítimas mortais e 70 feridos. As chamas consumiram 290 mil hectares de floresta e só no dia 15 estavam ativos 440 incêndios em Portugal.

ZAP //

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