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Quando os dinossauros viviam na Terra, os dias eram mais curtos

Uma concha fossilizada do final do Cretáceo forneceu evidências de que a Terra demora mais meia hora a girar à volta do seu próprio eixo hoje do que há 70 milhões de anos.

Uma equipa de cientistas analisou anéis de crescimento diário em moluscos antigos e conseguiu contar o número de dias num ano e até medir a variação de luz num único dia.

Os resultados, publicados em fevereiro na revista científica Paleoceanography and Paleoclimatology, sugeriram que o ano na época dos dinossauros teria 372 dias – ou seja, teria mais uma semana do hoje -, mas os seus dias seriam 30 minutos mais curtos.

“Temos cerca de quatro a cinco pontos de dados por dia e isso é algo que quase nunca se consegue na história geológica”, disse o principal autor Niels de Winter, geoquímico analítico da Vrije Universiteit, em comunicado citado pelo Newsweek. “Basicamente, podemos olhar para um dia de há 70 milhões de anos. É incrível.”

O estudo baseou-se num molusco Torreites sanchezi de 70 milhões de anos, que passou mais de nove a viver no fundo do mar raso no que hoje é uma terra totalmente seca nas montanhas de Omã.

Os investigadores usaram lasers para fazer furos na concha com apenas 10 micrómetros de diâmetro – um tamanho um pouco maior do que a largura de um glóbulo vermelho. Os autores dizem que esta técnica lhes permitiu contar os anéis de crescimento diário com mais precisão do que os métodos que envolvem microscópios.

Este é o primeiro estudo a fornecer “evidências convincentes” de que moluscos como T. sanchezi tinham uma relação simbiótica com espécies fotossintetizantes. Padrões nos anéis sugerem que as conchas cresceram mais rapidamente durante o dia do que à noite e foram impulsionadas por ciclos solares. Os cientistas acreditam que o T. sanchezi coexistia com uma segunda espécie que vivia dentro do molusco e se alimentava da luz do sol.

T. sanchezi continha duas conchas irregulares presas a uma dobradiça, vivia em recifes, em águas tropicais submersas e terá desempenhado uma função semelhante no seu ecossistema à função dos corais modernos.

Os investigadores dizem que, embora tenha sido previsto por modelos astronómicos que os dias há 70 milhões de anos tenham sido mais curtos do que são agora, este é o cálculo mais preciso de quanto tempo teria durado um ano durante o final do Cretáceo.

ZAP //

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