“É anedota”: revelados outros detalhes sobre a fuga em Vale de Judeus

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ZAP // SNCGP / Facebook

Dos cinco reclusos, quatro já tinham planeado fugir de outras cadeias. Recluso avisou, PSP e PJ só foram alertadas muito depois.

“Todos os pormenores foram pensados ao mais ínfimo detalhe”, descreveu Luís Neves, director da Polícia Judiciária.

Foram revelados outros detalhes sobre a fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre.

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, o georgiano Shergili Farjiani, o argentino Rodolf José Lohrmann e o inglês Mark Cameron Roscaleer.

Desses cinco criminosos, quatro já tinham planeado fugir de outras cadeias. A RTP acrescenta que três deles já tinham sido mesmo apanhados, quando estavam a tentar fugir da prisão onde estavam.

Mesmo assim, quatro dos cinco fugitivos foram colocados em celas vizinhas em Vale dos Judeus, no meio de 500 celas disponíveis.

E dois dos reclusos que fugiram – Rodolf e Mark – já se conheciam antes de se cruzarem em Alcoentre. Tinham estado juntos em Monsanto durante alguns anos.

Alertas demoraram (e foi recluso a avisar)

Os cinco reclusos fugiram pouco antes das 10h da manhã de sábado passado, mas os responsáveis pela prisão só se aperceberam praticamente 40 minutos depois.

E, segundo o Correio da Manhã, foi outro recluso daquele pavilhão que avisou os guardas que faltavam cinco homens.

Mas esse não foi o único atraso. O Observador adianta que a Polícia Judiciária e a Polícia de Segurança Pública (PSP) só foram avisadas da fuga três horas depois.

Essa demora pode ter sido essencial: os fugitivos podem ter percorrido 150 km sem qualquer obstáculo policial nas estradas. Ou seja, já podiam estar em Espanha quando a polícia portuguesa foi avisada.

Até há esquadras da PSP que só foram avisadas formalmente dois dias depois, nesta segunda-feira.

O Jornal de Notícias relata que o primeiro teste de prontidão aos guardas foi feito também nesta segunda-feira, já depois da fuga.

“Anedotas”

Esta prisão é, oficialmente, de alta segurança, mas nem tem rede electrificada porque a luz ia abaixo sempre que ligavam essa corrente eléctrica.

Ana Sá Lopes criticou essa falha: “A potência contratada é baixa? Numa prisão de alta segurança? Tudo isto não existe! Isto é uma anedota!“, atirou, no Público.

Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, deu outro exemplo do que está a acontecer no sistema prisional em Portugal: em Chaves, são os reclusos que estão a montar todo o sistema de vigilância, ficando assim a conhecer todo o esquema e “zonas mortas”.

Ou seja: “O sistema prisional português está a dar aos reclusos conhecimentos do sistema de videovigilância. Parece uma anedota!”.

Anedota com o tema fez mesmo o humorista Ricardo Araújo Pereira, que considerou que é mais fácil conseguir sair da cadeia de Vale de Judeus do que do IKEA, “especialmente, se formos em grupo”.

A ministra da Justiça, que tem sido criticada pelo seu silêncio (mas nem estava em Portugal), vai falar mais logo, às 17h desta terça-feira.

A conferência de imprensa realiza-se três dias depois da fuga e dois dias depois de o gabinete do Ministério da Justiça ter adiado a primeira reacção porque estava a recolher informações.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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6 Comments

  1. Estas anedotas são uma amostra do Portugalzito que somos neste século XXI. Um canteiro triste e abandonado à beira-mar, nno extremo ocidental da Europa.

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  2. Isto demonstra bem a tacanhez dos nossos políticos, administradores públicos e outros que tal. São uns grandes oportunistas ignorantes sem qualquer controlo. Depois queixem-se!!!

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  3. Sim concordo com falhas do governo, mas eles não podem estar a ver o que os guardas fazem diariamente, por amor de deus eu contrato um trabalhador confio nele como profissional, mas os guardas prisionais ou outros só são profissionais a pedir dinheiro que pelos vistos não merecem, estavam a comer e beber enquanto se foge, estava aqui todo o dia a falar de coisas que se diz sempre é falta de dinheiro, não é o dinheiro que faz o profissional, eu sou profissional independente do dinheiro que ganho não sei fazer mal o meu trabalho, e se não gosto do que faço ou me pagam o que acho que mereço, vou procurar outro trabalho.

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  4. Uma vergonha, alguem acredita que não houve conivençia lá dentro?. Todos para o olho da rua e gente séria lá dentro a controlar aquilo. Tão bandidos são os que fugiram como os que estão a vigiar. Na tropa quando um preso fugia quem estava de guarda ia lá para dentro até o fugitivo aparecer, porque não fazem o mesmo?.

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