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Análise de restos mortais revela detalhes sobre a dieta da Idade da Pedra (e há surpresas)

Joaquim Soler

Um novo estudo revela algumas das caraterísticas da alimentação da Idade da Pedra e, surpreendentemente, o peixe não era incluído nas refeições dos caçadores-coletores do sul da Europa há cerca de 27 mil anos.

A equipa internacional de investigadores conseguiu determinar a alimentação da população com base num estudo isotópico de fósseis humanos das cavernas Serinyà, na Catalunha.

Através da datação por radiocarbono, os investigadores da Universidade de Girona, em Espanha, determinaram que os restos fósseis de quatro indivíduos de Serinyà têm entre 25.000 e 27.000 anos e conseguiram tirar novas conclusões.

No período Gravetiano, os caçadores-coletores comiam os alimentos disponíveis nos arredores locais, o que incluía mamutes na Europa central, cavalos e renas na Grã-Bretanha e frutos do mar nas costas atlânticas ou mediterrâneas.

Contudo, durante o último máximo glacial (há cerca de 25.000 anos), o clima muito frio e seco forçou as pessoas a retirarem-se para as regiões do sul.

O colagénio muito bem preservado dos ossos possibilitou que os investigadores realizassem análises isotópicas – o que, por sua vez, possibilitou determinar o que as pessoas estudadas comiam.

A equipa frisa que a combinação desta técnica com um novo método, feita pela primeira vez, tornou possível analisar ainda mais detalhadamente se a dieta das pessoas da Idade da Pedra era baseada em proteínas vegetais, carne ou peixe – e até mesmo que espécies animais eram consumidas.

Os resultados mostraram que os quatro indivíduos de Serinyà tinham uma dieta baseada em recursos terrestres. Ou seja, os habitantes da Península Ibérica no final do período Gravetiano comiam sobretudo plantas e animais terrestres, como coelhos, veados e cavalos.

Os isótopos de aminoácidos confirmaram ainda que os indivíduos quase não comiam peixe, o que é surpreendente porque, até agora, se presumia que as pessoas neste período climaticamente rigoroso dependiam dos alimentos de lagos, riachos e do mar, escreve o Phys.

O estudo foi publicado no Journal of Human Evolution.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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