“Erro histórico” corrigido. Castrillo deixou de “matar judeus” e passou a Mota de Judíos

Lorenzo Rodríguez / Twitter

Grafittis espalhados pelo município, a insultar a comunidade judaica

Para compensar o “erro histórico” de transcrição do seu nome, o município Castrillo Mota de Judíos, na província de Burgos, vai inaugurar em junho de 2022 o Centro de Interpretação da Cultura Judia.

O nome da terra foi mudado, supõe-se que por um erro de um escrivão, em 1637, que trocou um “o” por um “a”.

O município viu o seu nome finalmente alterado em 2015, de “Castrillo Matajudíos” para “Castrillo Mota de Judíos“, eliminando assim a referência a um suposto massacre de judeus.

O presidente da câmara, Lorenzo Rodríguez, impulsionador do projeto para recuperar o passado judaico do município que se tornou uma referência internacional na luta contra o anti-semitismo, chegou a receber ameaças após a alteração do nome.

A comunidade judaica do município de Castrojeriz teve de se deslocar, em 1035, devido a um confronto com o rei Fernando I de Castilla.

Mudaram-se para uma colina conhecida como La Mota, à qual deram o nome de Castrello. De acordo com os historiadores, “Castrello” passou a “Castriello”, e o povo permaneceu na colina até poder voltar a Castrojeriz, em 1311.

Neste momento, está a decorrer uma escavação para desenterrar a antiga povoação de La Mota, como parte do projeto de recuperação da cultura judaica.

Algum tempo depois do regresso dos judeus, foi criado o município atual, inspirado no nome da povoação. No entanto, no século XVI, devido a um erro de transcrição, ou até a interesses políticos da época, passou a “Castrillo Matajudíos”.

Quando o nome foi alterado em 2015, Espanha tentou compensar aquilo a que chamou “erro histórico” da expulsão da comunidade judaica do país, e ofereceu cidadania aos descendentes daqueles que foram obrigados a abandonar a sua pátria.

A oferta, que expirou a outubro de 2019, resultou em 132.226 candidatos elegíveis a tornarem-se cidadãos espanhóis.

Lorenzo Rodríguez partilhou, a semana passada, imagens de graffitis anti-semitas, espalhados pelo município. As paredes da terra e o memorial em honra da cultura sefardita estavam repletos de insultos ao povo judeu.

De acordo com o The Guardian, após reportar o ataque “cobarde, repugnante, violento e intolerante” à Guardia Civil, o presidente da câmara afirmou que não iria impedir a abertura do centro de cultura judaica, em 2022.

Acrescentou ainda que as autoridades iriam continuar a trabalhar “para a aldeia, para o seu povo, e para a cultura passada que, em tempos, forjou o nosso presente“.

A Federação das Comunidades Judaicas de Espanha realçou que as ameaças desenhadas nas paredes da terra eram “inaceitáveis” e mostravam o “perigo das ideologias que levaram a Europa ao desastre“.

ZAP //

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