De líder e “candidato” a ser campeão, à possível descida de divisão

José Coelho / Lusa

À 5.ª jornada era líder, à 33.ª está a lutar pela manutenção: O Boavista ameaçou repetira proeza de 2001, e agora corre o risco de acabar onde estava em 2011.

Que época atribulada para os lados do Bessa!

O Boavista começou a todo o gás: Logo no primeiro jogo, a 14 de agosto, a pantera feriu, no seu reduto, o então campeão nacional (3-2), depois de uma reviravolta épica já no período de descontos.

Se, por um lado, era o prenuncio de uma época desastrosa do Benfica; por outro, parecia ser o início de uma época de glória do Boavista.

À 5.ª jornada, o Boavista era líder do campeonato com quatro vitórias e um empate, e o melhor ataque. Precisamente nessa jornada, num grande jogo, frente ao Chaves (4-1), no Estádio do Bessa, o líder vencia 4-0, aos 23 minutos, e ouviu-se um adepto dizer: “Cheira a 2001!”.

A vontade de repetir a proeza alcançada no início do século, quando o Boavista foi campeão nacional, era, compreensivelmente, de enorme dimensão…, Mas coisa gabada…

Coisa estragada…

Os comandados de Petit tinham – àquela data – igualado o melhor arranque da história dos axadrezados (1995/96), e muito se falava se o “Boavistão” poderia ou não ser um candidato sério à conquista do campeonato, 23 anos depois.

Na conferência de imprensa do jogo seguinte, frente ao Braga, Petit – que fez parte da equipa campeã enquanto jogador – pôs travão e pediu humildade: “Se somos o alvo a abater? Não. Acredito que os adversários olham para nós com mais respeito por aquilo que estamos a fazer neste bom início de época. Agora, temos de ter a humildade de querer continuar a ser a equipa que temos sido”.

O Boavista acabou por perder esse jogo (4-1) e – com as vitórias de Sporting, Benfica e FC Porto – tombou para o 4.º lugar; e só voltaria a vencer um jogo para o campeonato em 2024.

Naqueles quatro meses “vazios”, os fantasmas voltaram: o sucesso dentro de campo – que camuflava os problemas financeiros do clube – tinha desaparecido e teimava em não voltar; o presidente, Vítor Murta, dizia que “dois meses de salários em atraso não matam ninguém”; e Petit demitiu-se.

Num clima de instabilidade geral dentro do clube – com cortes de água, de gás, treinos cancelados, plantel curto… -, no mês seguinte, foi a vez de Vítor Murta apresentar a demissão da presidência do Boavista.

Esta terça-feira, Fary Faye foi eleito como novo presidente da SAD boavisteira. O antigo goleador dos axadrezados foi eleito com 99,99% dos votos do capital social representado na Assembleia-Geral.

No início desta semana, a Rádio Regional noticiou que o Boavista será excluído das competições profissionais, caso não pague de uma só vez todas as dívidas à Segurança Social.

A duas jornadas do final do campeonato, o Boavista – que venceu apenas dois dos últimos 15 jogos – ocupa a 14.ª posição e está apenas três pontos acima do lugar (16.º) que o poderá levar ao play-off de despromoção para a II Liga.

Na próxima jornada, há dérbi da Invicta, no Estádio do Dragão. No jogo derradeiro, o Boavista recebe o já despromovido Vizela.

Correrá o “candidato” a campeão risco de descer de divisão?

O Boavista ameaçou repetira proeza de 2001, mas não está livre do risco de acabar nas ligas não profissionais, onde estava em 2011.

Miguel Esteves, ZAP //

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