Dandan-Oilik, a cidade budista da Rota da Seda que (quase) se perdeu no tempo

O complexo antigo era um centro de comércio e continha dezenas de templos e obras de arte budistas que permaneceram escondidas durante séculos.

O geógrafo Sven Hedin partiu para uma viagem desde a cidade chinesa de Khotan (atual Hotan), em 1900, e descobriu um complexo budista fascinante, bem mais complexo do que as ruínas de uma vulgar cidade antiga que esperava encontrar.

A povoação foi tinha sido construída com uma estrutura de troncos de choupo, o que dava aos edifícios uma cor esbranquiçada distinta. Por esta razão, o local tornou-se conhecido pelos habitantes locais como Dandan-Oilik, que significa “casas de marfim”, explica a National Geographic.

À medida que percorria o local, Hedin distinguiu os contornos de edifícios de forma quadrada e oblonga, com o interior de cada um dividido em várias divisões.

Ainda se encontravam postes com cerca de 3 metros de altura, onde outrora teriam suportado um telhado ou mesmo um segundo andar. O grupo encontrou vestígios de muitas habitações, cobrindo uma área estimada de cerca de um quilómetro e meio quadrado.

É muto difícil escavar na areia seca que envolve o local, pelo que é coplicado apurar mais sobre esta misteriosa cidade. Hedin referiu-se a ela como ” Hedin referiu-se a ela como “esta cidade amaldiçoada por Deus, esta segunda Sodoma no deserto” e acreditou, erradamente, que tinha cerca de 2000 anos. Na verdade, a cidade  prosperou a partir do século VI d.C.

O mais incrível de todos os achados de Hedin foram as requintadas pinturas de estilo indo-persa que decoravam alguns dos interiores. Hedin identificou estas estruturas, maiores do que as restantes, como templos budistas.

As pinturas descolavam-se ao mais pequeno toque. Hedin desenhou-as o melhor que pôde e, fazendo jus à mentalidade colonialista da época, levou outros objetos, como esculturas e relevos em estuque.

Mais tarde, escreveu: “Todos estes achados e muitas outras relíquias foram cuidadosamente embrulhados e embalados nas minhas caixas; e as notas mais completas possíveis sobre a cidade antiga… foram registadas no meu diário“.

Anos depois, o estudioso do persa e do sânscrito Marc Aurel Stein decidiu empreender uma viagem ele próprio ao local.

Descobriu que 14 templos budistas tinham outrora preenchido a cidade. Consistiam numa cella (a parte sagrada de um templo) no centro, que estava aninhada dentro de uma estrutura maior.

Entre as obras de arte encontravam-se mesmo magníficas figuras de Budas em estuque e pinturas bem conservadas em tábuas de madeira.

Stein acreditou que o declínio da cidade pudesse estar ligado ao facto de a China ter perdido o controlo administrativo da região nesse período. No etanto, uma coisa é certa: a cidade foi um importante centro de comércio no período da Rota da Seda.

Nos anos 700 d.C., a próspera cidade, repleta de comércio, arte e templos, acabou por ser para sempre abandonada e comida pela areia do deserto chinês. Mas deixa lembranças.

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